Folha de S. Paulo


Senna "plantou" nos brasileiros a esperança de sonhar, reflete leitor

Há 19 anos o Brasil se calou.

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O ronco dos motores de Fórmula 1 deu espaço ao silêncio, angústia e lágrimas de milhares de brasileiros que acompanhavam Ayrton Senna e sua trajetória.

E nunca mais a Fórmula 1 foi a mesma.

Mais do que um exímio piloto, um exemplo para muitos. Uma pessoa carismática que honrava ser brasileiro e fazia questão de mostrar isso ao mundo, cada vez que vencia uma corrida.

Dedicado, perfeccionista e perfeito nas pistas, através de suas palavras e gestos, levava mensagens de otimismo, mostrando que éramos capazes de realizar nossos sonhos e sermos vitoriosos, independente de crença, idade, status...

Bastava olhar com um pouco mais de atenção e ver o exemplo que Senna nos passava: dentro de seu cockpit não se intimidava com quaisquer problemas, encarando os fatos e situações, surpreendendo seus rivais e a todos nós.

Pisco Del Gaiso - 27.mar.94/Folhapress
O piloto Ayrton Senna, em São Paulo, no GP Brasil de F-1 de 1994
O piloto Ayrton Senna, em São Paulo, no GP Brasil de F-1 de 1994

Evidente que há os que não acompanhavam ou mesmo não gostavam. Assim como conquistou fãs no mundo inteiro, colecionou desafetos. Mas sua índole e seus resultados superavam tudo isso.

Os domingos eram diferentes. Pessoas acordavam cedo, acompanhavam os treinos e torciam pelo brasileiro. E a cada vitória, a sensação é que todos nós éramos vencedores e que todos nossos sonhos eram possíveis, desde que feitos com muito amor e dedicação.

Ainda como mero estreante na Fórmula 1, mostrou a que veio. Superou talentosos pilotos, fez equipes e motores limitados andarem juntos com os de ponta, deu uma aula de como pilotar na chuva, encarou chefões de escuderias e não aceitou ser o segundo piloto de sua equipe.

Senna era implacável. Tirava milésimos de segundos em tomadas de curvas onde outros jamais pensavam que aquilo fosse possível.

Naquela época, as corridas eram disputadas nas pistas e mesmo assim lhe tiraram um campeonato. Na ocasião, o sr. Jean-Marie Balestre, então presidente da FIA, seguindo suas próprias regras, favoreceu o piloto Alan Prost, desclassificando Senna e tirando o título que poderia ter sido do brasileiro.

Senna morreu fazendo exatamente o que mais gostava. Pilotar.

Junto com sua morte, perdemos o encanto de assistir a uma corrida de Fórmula 1.

Muitos dizem que as imagens mostravam que ele pressentia algo. Outros não acreditam nisso. O fato é que aquele final de semana no circuito de Ímola, na Itália, foi escrito com sangue o que jamais poderá ser apagado.

O início de um final de semana trágico que começou com a forte batida de Barrichello, a morte de Ratzenberger na curva Villeneuve e a perda de Senna na curva Tamburello.

Senna morreu ali, na pista de Ímola. Mas, se isso fosse anunciado, a prova teria que ser interrompida, e com isso, empresas, patrocinadores, escuderias e muitos outros iriam ter prejuízo.

Infelizmente as verdades são restritas a poucos e após muito tempo as evidencias são expostas ao publico.

Senna "plantou" em milhares de brasileiros, a esperança de sonhar, acreditar e conseguir realizar seus ideais.

Valeu, Senna!


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