Folha de S. Paulo


Não existe democracia sem uma Justiça plena e séria, diz leitor

JUDICIÁRIO

Excelente a reportagem "Juízes de SP contrariam lei, dividem os dias de férias e geram custo extra". A atitude dos juízes é absurda e mostra o perfil do Judiciário no Brasil, que compromete o Estado republicano e a democracia. Não existe República nem democracia plena sem uma Justiça séria, justa, moralizada e independente.

OTAVIO DE QUEIROZ (São Paulo, SP)

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Ler que os juízes estão burlando as normas para faturar um pouco além do salário não espanta. Todos, nesta terra de ninguém, procuram tirar uma casquinha quando podem. Porém ler que essa burla é de interesse público já é demais; é chamar a todos de imbecis.

PEDRO MITEV (São Paulo, SP)

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Não satisfeitos com as mordomias de que já desfrutam, entre elas 60 dias de férias anuais e 90 dias de licença prêmio a cada cinco anos, os marajás da Justiça paulista ainda usam de expediente espúrio para se beneficiarem de dias de descanso. Embora 94% façam uso da prática, o TJ-SP tem a cara de pau de vir a público dizer que são fatos pontuais e excepcionais. Alguém tem dúvidas de que com um Judiciário com essa mentalidade não há como o país dar certo?

FLÁVIO FONSECA (Mendes, RJ)

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PROFESSORES

O levantamento sobre a ausência de professores nas salas de aulas, embora importante, poderia ser mais abrangente, saindo da esfera da saúde. É preciso lembrar que sua jornada continua em casa, preparando aulas, e que o professor é equalizador de dilemas familiares. Muitas vezes compra material do próprio bolso. As escolas carecem de estrutura física e a violência faz parte do cotidiano. Proporcionalmente, ele é o profissional mais mal pago do país.

ARLINDO CARNEIRO NETO (São Paulo, SP)

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É muito desgastante ser professor! Há total desinteresse pela carreira: não há valorização por parte da Secretaria da Educação nem da própria sociedade. Parece que nenhuma carreira passa pelas mãos do professor. É óbvio que o estresse toma conta do profissional. O Estado mais rico, São Paulo, ignora o professor. Perguntem há quanto tempo a categoria não recebe reajuste salarial. Só há deveres. Onde estão os direitos?

MARIZA BACCI ZAGO (Atibaia, SP)

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Nossa categoria trabalha em condições precaríssimas: salas superlotadas, infraestrutura inadequada, salários baixíssimos (há três anos sem reajuste), jornadas estafantes, o que a obriga a licenciar-se para cuidar da saúde. Pesquisa realizada pela Apeoesp confirmou altos índices de adoecimento da categoria, com profundos sintomas de estresse. Cabe culpabilizar os professores pelas ausências? Há que se responsabilizar o Estado, que não atende às demandas da categoria, desfavorecendo a sua permanência em sala de aula.

MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) (São Paulo, SP)

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COLUNISTAS

Posições (e opiniões) sobre o momento político que vivemos não deveriam nos impedir de admirar as crônicas de Luiz Felipe Pondé. A desta segunda está de um beleza ímpar: "A beleza de Deus nos impacta de formas distintas. Nosso vazio enxerga Deus melhor do que nosso orgulho". Minha sugestão é, após sua leitura, uma audição a sós com o seu "eu" ouvindo "Kol Nidrei", de Anton Bruckner. Vai além, muito além, da nossa bipolaridade partidária.

PAULO ZACARIAS (Sorocaba, SP)

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Sobre "Usando remédios vencidos", do colunista Hélio Schwartsman, salientamos a seriedade do marco regulatório que rege a fabricação de medicamentos no país. Não há espaço para "chutes". Além de estudos de estabilidade acelerada e de longa duração, o prazo de validade também é continuamente avaliado por estudos de estabilidade de acompanhamento. Não é possível garantir que medicamentos continuem eficazes e seguros após o prazo de validade. Não é assim que resolveremos a questão da saúde pública do país.

HENRIQUE TADA, presidente Executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) (São Paulo, SP)

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Alessandra Orofino comete dois erros quanto às políticas para a população em situação de rua. Nenhum decreto autorizou ações de madrugada. A remoção de bens pessoais, inclusive cobertores, sempre esteve proibida. A coluna também ignora iniciativas como o Trabalho Novo, que pretende oferecer oportunidade para 20 mil pessoas em situação de rua em parceria com empresas privadas ""1.045 já foram contratadas. Neste momento de frio, foram abertas mais de 1.400 vagas emergenciais em abrigos. Até o fim do ano, serão abertos novos centros temporários de acolhimento, ampliando consideravelmente a capacidade disponível, hoje em mais de 12 mil vagas.

FÁBIO SANTOS, secretário especial de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

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RESPOSTA DA COLUNISTA ALESSANDRA OROFINO - O decreto 57.581, a que me refiro, substitui outro, anterior, que definia horários para as ações de zeladoria e proibia a subtração de ítens pessoais de pessoas em situação de rua - inclusive cobertores. Já o novo decreto retirou essa proibição, além de estabelecer que as ações podem ocorrer a qualquer momento. A prefeitura só publicou uma portaria modificando esses pontos depois cinco meses de intensa mobilização popular. Já o Trabalho Novo é um foco importante e positivo da atual gestão. O emprego, no entanto, deve ser entendido como o último degrau da reinserção social, não a panaceia.

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UM MUNDO DE MUROS

A reportagem "À beira da estrada, a pobreza se esconde e o crime prospera" desconsidera que a presença de vendedores ambulantes em rodovias oferece riscos para a segurança desses pedestres e veículos e, por isso, é prática proibida em rodovias – independentemente da existência de muros. No trecho citado, o limite de velocidade é de 100 km/h, motivo pelo qual a reportagem deveria ter feito ponderações acerca do risco de atropelamentos, para não incentivar vendedores a se arriscarem na via.

NELSON NUNES, coordenador da assessoria de imprensa da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

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