Folha de S. Paulo


Professora rebate artigo do governador do PR, Beto Richa

Nesta segunda-feira (16), fiquei surpresa ao ler o jornal e constatar que o governador Beto Richa ainda insiste em afirmar inverdades sobre o que tem feito pelo Estado do Paraná em sua gestão. Infelizmente, muitos leitores que desconhecem o que vem acontecendo ou não vivem no Paraná podem ter acreditado no que foi escrito. Ainda bem que o jornal deixa claro ao leitor que os artigos publicados em "Tendências/Debates" não traduzem a opinião do jornal.

Como o espaço aqui é pequeno, não conseguirei dar conta de explicar/contra-argumentar tudo o que foi escrito. Algumas coisas então: em primeiro lugar, Beto Richa disse que realizou "reajuste de 60% aos professores" durante os 4 anos de sua gestão; caro leitor, isso nada mais é do que o dissídio, obrigatório por lei. Portanto, ele não fez nada além do que a lei o obriga a fazer. Outro ponto a ser destacado é a inconstitucionalidade do seu modo de gerir. Todos os servidores do Paraná ainda não receberam o terço de férias, garantido por lei. Nosso governador "prometeu" fazê-lo até dia 31 de março (sendo que devíamos tê-lo recebido em dezembro de 2014).

Quando Beto Richa afirma que, no "diálogo com os servidores, buscamos equacionar o problema de forma que a previdência permaneça sustentável no longo prazo, sem que se penalize o Estado", gostaria de perguntar a ele, em primeiro lugar, em qual momento ele se disponibilizou a sentar conosco e conversar. Caro leitor, isso nunca ocorreu durante todo o período de greve!

Além disso, não consigo entender como ele pretende manter a previdência sustentável, se já tentou por diversas vezes ter livre acesso a ela (se é que já não o teve), sendo que a Paraná Previdência é um direito do servidor público do Paraná, cujo único fim é servir a estes servidores e, desculpe, discordo plenamente de nosso governador, quando finaliza dizendo que "todos precisam dar sua cota de sacrifício, inclusive os servidores públicos". Minha pergunta é: por que ele, como governador, não se digna a ser o primeiro a dar sua cota de sacrifício?

O que vemos, na verdade, é o contrário. Seu salário aumentou, ele concedeu auxílio moradia sem necessidade de justificativa para os servidores do Tribunal de Contas da União (valor médio de R$4.200,00 ao mês), mas nós, servidores públicos, temos que dar nossa cota de sacrifício, sendo que nem nosso terço de férias ainda recebemos. Portanto, gostaria que o texto escrito por ele, intitulado de "Restabelecendo a verdade", seja lido com muito cuidado pelos leitores deste jornal.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Beto Richa fala à *Folha* em seu gabinete, em Curitiba
Beto Richa fala à Folha em seu gabinete, em Curitiba

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