Folha de S. Paulo


Leitores comentam artigo sobre direitos humanos

Merece reflexão o artigo Direitos humanos, utopia brasileira, do diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, especialmente o seu tópico final, assim expresso: "Enquanto a segurança pública e os profissionais que atuam nessa área não forem reconhecidos como prioridade na defesa e garantia dos direitos humanos, continuaremos a conviver com esse estado de verdadeira epidemia de violência".
Obviedade que somente os governantes, de todas as esferas deste país, há muito fingem desconhecer.

JARIM LOPES ROSEIRA, presidente da Seção Brasileira da International Police Association - IPA (São Paulo - SP)

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Ao ler o artigo de Atila Roque, diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, fico me perguntando tantas coisas.

Uma delas é que a violência contra "os brancos" diminuiu 32% e contra os "negros" aumentou 32%. O que significa um preconceito muito grande quanto a cor e a classe social das pessoas e ainda nos mostra que o Brasil é, sim, um país preconceituoso!

Mas também não podemos culpar apenas as polícias por esses homicídios, pois 75% dos policiais mortos no nosso país foram mortos fora de serviço. Certamente a maioria deles fazia "bicos", já que o salário de um policial não é suficiente para que ele possa sustentar a sua família.

O prefeito de São Paulo, ao implantar o programa de Proteção Escolar nas escolas, disse que os policiais irão trabalhar nas escolas com altos índices de violência, em horários de folga, ou seja, também farão bicos. Uma ação que vai tão contra os dados estatísticos de mortes de policiais no nosso país. Algo está muito errado! Precisamos formar nossos policiais, que também andam acuados e perdidos, pois não reconhecem mais o seu papel na sociedade.

Se nós, escola e sociedade, não nos reunirmos nos nossos bairros para procurar uma "solução" na qual juntos poderemos proporcionar novas perspectivas de futuro para nossos jovens, vamos perdê-los para o crime. E não é isso o que nós desejamos. Não podemos deixar que os jovens entrem nessas estatísticas nacionais de homicídios. Fora que muito deles estão nas prisões sem nenhuma condição humana de se viver.

O preconceito não pode ser enfrentado apenas por aquele que sofre, e a cadeia é um lugar muito caro e amedrontador para tornar as pessoas piores! Enquanto não temos políticas públicas que "resolvam" essas questões, nós mesmos vamos "tentando" minimizar essas situações e estatísticas. E como disse Atila Roque ao final do seu artigo: "Esses são pontos de uma agenda de mudanças pela qual vale a pena mobilizar recursos, energia e paixão".

MICHELLE BERNARDES, professora na rede pública municipal de São Paulo (Mogi das Cruzes, SP)

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