Folha de S. Paulo


Banco do Brasil contesta reportagem sobre depoimento de ex-motorista

A reportagem "Ex-motorista diz que transportou dinheiro para presidente do BB", publicada na edição de hoje (31/8) da Folha, não revela inúmeras contradições e inconsistências presentes no depoimento do ex-motorista.

Lamentamos que o jornal tenha desconsiderado desmentidos repassados pessoalmente pelo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em visita à redação do jornal.

Em uma das perguntas enviadas ao Banco pelo jornal, o repórter pede manifestação sobre depoimento do ex-motorista, segundo o qual o próprio teria transportado R$ 28 mil, em espécie, a pedido do presidente, para pagamento de encomendas em loja na cidade de São José dos Campos. O que a Folha não revelou é que a compra ocorreu após transferência bancária no valor de R$ 13 mil. Ou seja, o ex-motorista mente e o jornal avaliza, ao não revelar que teve acesso ao documento, com prova da transferência bancária.

Na entrevista ao jornal, o ex-motorista também cita que, em duas ocasiões, levou dinheiro em espécie para pagamentos em uma loja, na cidade de Taubaté, que seria de "uma moça que era da família dele" – do presidente do Banco. O jornalista, no entanto, se esqueceu de perguntar ao presidente se tal informação era verdadeira, ou seja, se algum de seus parentes teria loja em Taubaté. A resposta, claro, seria não.

O mesmo repórter investiu nesta pauta em abril deste ano, quando trabalhava para uma revista de circulação nacional. Após diversos contatos com o Banco, nos quais foram prestados os devidos esclarecimentos, a revista optou por não publicar o material, inclusive tendo a informação do depoimento do motorista junto ao Ministério Público Federal, ao qual somente o repórter teve acesso.

A Folha não informa que tal depoimento foi prestado ao final de abril e que, ao que tudo indica, foi o próprio repórter quem levou o depoente ao Ministério Público Federal. O Banco do Brasil, ao tomar conhecimento, informalmente, sobre tais fatos, requereu em 5 de maio acesso às informações –o qual ainda não nos foi concedido.

Apesar do depoimento ter sido realizado no primeiro semestre, até o momento o presidente do Banco do Brasil não foi sequer convocado pelo Ministério Público Federal, para prestar esclarecimentos. O Banco do Brasil também não recebeu notificação sobre o processo investigatório em curso. Vale lembrar, como registra o jornal, que denúncias inverídicas do mesmo teor foram investigadas, e devidamente arquivadas, por outros 12 órgãos –dentre eles o Ministério Público do Estado de São Paulo, o TCU e a Comissão de Ética da Presidência da República.

Como o Banco do Brasil informou à Folha, Sebastião Ferreira não foi contratado pelo presidente do Banco, em "gesto para se aproximar do PT". Durante seis anos, Ferreira prestou serviços a empresas terceirizadas, junto a um pool de outros motoristas que atendem a todos os membros do Conselho Diretor do Banco. E sua indicação foi feita por ex-funcionário do Banco, exonerado há mais de dois anos.

Cabe informar, também, que há cerca de dois anos essa mesma pauta vem frequentando a redação de vários veículos de comunicação (jornais e revistas de circulação nacional) que, após as devidas apurações e com os esclarecimentos prestados pelo Banco, optaram pela não publicação de matéria. Por suposto, cautelosos diante das inverdades contidas na pauta. A própria Folha, em julho do ano passado, descartou a publicação.

Com base nesses fatos, o Banco do Brasil e seu presidente vêm a público repudiar com veemência tais ilações, a partir do que supõem ser campanha difamatória, no momento em que o país vive a plenitude de sua democracia, com as eleições majoritárias.

Também informam que adotarão todas as medidas judiciais cabíveis.

*

RESPOSTA DO JORNALISTA LEONARDO SOUZA - A reportagem informa que denúncia anônima de teor semelhante foi arquivada por 12 órgãos e também cita que Aldemir Bendine nega todas as afirmações feitas pelo motorista Ferreira, incluindo o suposto repasse atribuído a uma familiar do presidente do Banco do Brasil.


Endereço da página:

Links no texto: