Folha de S. Paulo


Leitores comentam reportagens recentes sobre a ditadura militar

Só faltou ao especial sobre a ditadura mencionar que o avô do pré-candidato à Presidência Aécio Neves integrava o PSD (Partido Social Democrático). Tancredo Neves era deputado federal em 1964 pelo PSD, que se alinhava às forças que defendiam a deposição de João Goulart. Imagens mostram Tancredo junto ao general Humberto Castello Branco após a vitória dos golpistas. Precisamos colocar a história de alguns políticos em seu devido lugar.

MÁRCIO M. DE CARVALHO (São Paulo, SP)

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O general da reserva Rômulo Bini Pereira nos diz que as Brigadas Vermelhas (formadas em 1969) e o Baader-Meinhof (formado em 1970) serviram como modelo para a guerrilha brasileira, que já estava sendo dizimada na época (Lamarca, por exemplo, morreu em 1971).

O general ainda reclama que a história "é um item secundário" para a Comissão Nacional da Verdade. Pelo visto, seria aconselhável que ele voltasse a estudar história. Reclama também da falta de isenção dos críticos ao golpe de 1964. Mas, em seu texto, não há uma lasca de crítica ao golpe. Faltou-lhe, portanto, isenção.

Ainda bem que hoje eu posso me contrapor a um general e que a Folha se atreva a publicar minha carta. Não era assim, nem de perto, no período negro da ditadura.

JOSÉ PAULO FERRER (São Paulo, SP)

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A entrevista de Célio Borja uma verdadeira presepada. Ele se revelou um autêntico prestidigitador. Será que também acredita que não houve o holocausto?

CLAUDIO R. S. PESCHKE (São Paulo, SP)

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A entrevista do ex-deputado e ministro Célio Borja oscila entre o lamentável e o ridículo. Além de desconexa e contraditória, o senhor Borja esmera-se em justificar o injustificável: o caráter não ditatorial dos 21 anos após o golpe fardado de 1964.

Vale a pena recordar um episódio da vida de sabujo do ex-deputado, relatado por Hélio Fernandes, na "Tribuna da Imprensa". À época da votação da prorrogação do mandato do ditador Castello Branco, o ex-deputado pela Guanabara não poderia jamais votar contra os interesses de Carlos Lacerda, ao qual devia tudo. Mas, escreve Hélio Fernandes, por conveniência, carreirismo explícito e adesismo implícito também não votaria jamais contra os que estavam no poder.

Colocou-se discretamente no fim do plenário, embaixo de um jirau e respondeu baixinho à pergunta do deputado José Bonifácio –de como Célio Borja votaria, se a favor ou contra a prorrogação. José Bonifácio, por pura maldade, fez-se de surdo e repetiu a pergunta. Borja não teve saída e em tom duro, veemente e bem alto respondeu: voto sim, estou a favor da prorrogação e V.Exa. sabe disso. E José Bonifácio, cruel e inflexível, registrou: Célio Borja vota sim. O plenário caiu na gargalhada.

Acabada a leitura da entrevista do ex-deputado, ocorreu-me perguntar se ele não sofre de algum deficit cognitivo tal a insensatez de suas opiniões. Mas, não me contive e, como no episódio relatado acima, dei asas a uma sonora e gostosa gargalhada.

ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES, médico (Belo Horizonte, MG)

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