Folha de S. Paulo


editorial

Novidade no ônibus

Ronny Santos/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 21-12-2017 - LINHAS DE ÔNIBUS TERÃO MAIS BALDEAÇÕES - A gestão João Doria (PSDB) apresentou nesta quinta-feira, 21, sua proposta de nova organização do sistema de ônibus da capital paulista. Municipes em ponto de ônibus na Avenida Ipiranga. (Foto: Ronny Santos/Folhapress, CIDADES) ***EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Pessoas em ponto de ônibus em São Paulo

As novas regras da Prefeitura de São Paulo para a licitação do sistema de ônibus trafegam, em tese ao menos, na direção correta. Será útil, porém, utilizar o período de consulta pública, até fevereiro, e detalhar como afastar o risco de piora do serviço para quem realiza percursos longos.

A gestão João Doria (PSDB) promete aos 8 milhões de passageiros diários na capital encurtar em até 5% o tempo médio total de viagem. Isso apesar de o esquema proposto implicar uma redução de 7% na frota de coletivos, de 13.603 para 12.667 veículos.

Tal ganho de eficiência (e a concomitante redução de custos) seria alcançado com a criação de um nível intermediário no sistema atual, que comporta apenas o transporte local (operado por cooperativas de perueiros) e o estrutural (percursos bairro-centro realizados por empresas concessionárias).

Entre essas duas modalidades se incluiria, aprovada a licitação, um outro tipo de serviço. Neste, ônibus menores levariam usuários embarcados em áreas densas dos bairros até os corredores da rede estrutural, onde circulariam apenas coletivos de grande capacidade, como os articulados.

Na teoria e no papel, é a coisa certa a fazer. Ônibus locais ficariam mais livres, sem a necessidade de adentrar corredores, atenderiam mais ruas, com mais passagens e esperas menores. Deixariam ainda de onerar o trânsito nas grandes avenidas, permitindo um incremento na velocidade média.

O sistema sugerido traria ainda uma significativa redução de gastos, algo desejável. As tarifas pagas cobrem meros 61% do custo operacional total, agravando a prefeitura com uma despesa de R$ 3 bilhões anuais em subsídios.

O ponto fraco da proposta está no aumento das baldeações que passageiros terão de fazer, em especial aqueles que moram na periferia e trabalham no centro ou em bairros distantes. Segundo a prefeitura, haverá um acréscimo de 4% no número de trocas de ônibus.

Um ônus para o usuário, sem dúvida, que só valerá a pena se de fato diminuir o tempo de viagem. Se este ganho for neutralizado ou mesmo excedido pela espera no ponto, sob sol ou chuva, ocorrerá em verdade uma piora.

A variável crucial, aqui, é a pontualidade, que está longe do ideal no transporte coletivo paulistano. Dificilmente ela será alcançada sem a expansão da malha de corredores e faixas exclusivas de ônibus —a melhor maneira de Doria demonstrar que prioriza a qualidade do serviço e não só a redução de seu custo operacional.

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