Folha de S. Paulo


ALEXANDRE SCHNEIDER

Um currículo para São Paulo

Paulo Lopes - 24.nov.2016/Futura Press/Folhapress
SÃO PAULO,SP,24.11.2016:DORIA-ANÚNCIO-SECRETÁRIOS - Alexandre Schneider é anunciado como Secretário da Educação pelo prefeito eleito João Doria (PSDB-SP), nesta quinta-feira (24), na sede da Caixa Econômica Federal, na região central de São Paulo (SP). (Foto: Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O secretário municipal da Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, em foto de 2016

"Formar cidadãos éticos, responsáveis e solidários, que fortaleçam uma sociedade mais inclusiva, democrática, próspera e sustentável". Este é o propósito do currículo de ensino fundamental entregue nesta sexta (15) à cidade de São Paulo.

Fruto de um processo colaborativo entre profissionais da rede municipal de educação, estudantes e especialistas, o Currículo da Cidade dialoga com os desafios da contemporaneidade e respeita a memória da rede.

O processo se iniciou reunindo as expectativas de mais de 43 mil estudantes e mais de 16 mil profissionais. A versão final do documento contou com mais de 9.000 sugestões ao texto proposto para as diversas áreas do conhecimento.

A elaboração do currículo considerou práticas pedagógicas existentes na rede e documentos de gestões anteriores. A pior contribuição que a vaidade presta às políticas de educação é a descontinuidade. Desse mal este processo não padeceu.

O alinhamento com a Base Nacional Comum Curricular e com as discussões decorrentes de sua apresentação à sociedade acompanhou o processo. Currículos de outros países, Estados e cidades foram estudados.

O currículo inova ao alinhar os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, sugerindo aos nossos profissionais atividades que integrem os ODS na sala de aula.

Outra inovação é o currículo de tecnologias, calcado na resolução de problemas, programação, letramento digital e uso responsável da tecnologia na era digital. Parte dessas práticas já existe na rede.

Como resultado, temos um documento flexível, que poderá sofrer modificações futuras, seja por conta do uso cotidiano em sala de aula, seja por eventuais alterações no marco legal nacional. Ele está estruturado em três conceitos orientadores: a educação integral, a equidade e a educação inclusiva.

O conceito de educação integral aqui vai além da noção de tempo, buscando o desenvolvimento integral dos estudantes, em todas as suas dimensões: intelectual, emocional, social, física e cultural. Esta foi a principal declaração dos estudantes que participaram do processo de desenho do currículo: o desejo de frequentar uma escola que promova seu desenvolvimento de forma multidimensional.

Orientar-se pelo princípio da equidade é entender que todos podem aprender e se desenvolver, não importando suas condições socioeconômicas e culturais, desde que o processo educativo considere suas características e seu contexto. Por isso os direitos e objetivos de aprendizagem estão explícitos no currículo. E as ações da secretaria de Educação serão direcionadas para apoiar as escolas e seus profissionais nesta missão.

Esta foi, aliás, uma solicitação expressa pelos educadores ouvidos na pesquisa que orientou o início do processo de desenho do currículo.

O conceito de educação inclusiva explicita o reconhecimento da diversidade, apostando na aprendizagem de todos os estudantes.

Para apoiar o processo de implementação, o currículo da cidade chegará às escolas acompanhado de orientações didáticas e materiais de apoio a professores e estudantes. Programas de formação de professores, inclusive os quase 9.000 chamados este ano, serão alinhados ao currículo, assim como o sistema municipal de avaliação, retomado em 2017, com destaque para a volta da Prova São Paulo.

Ao declarar o que nossos alunos devem aprender e estruturar suas políticas públicas educacionais em torno do currículo, São Paulo dá o primeiro passo para garantir educação de qualidade a todos.

ALEXANDRE SCHNEIDER, mestre em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas, é secretário municipal de Educação de São Paulo, cargo que também ocupou na gestão Kassab

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