Folha de S. Paulo


editorial

A América Latina vota

Claudio Reyes/AFP - Carlos Jasso/Reuters
1- Chilean right-wing presidential candidate Sebastian Pinera, gestures as he speaks, during the presidential debate with the ruling New Majority coalition candidate Alejandro Guillier (out of frame), in Santiago on December 07, 2017. Chile will hold a presidential election runoff second round on December 17. / AFP PHOTO / CLAUDIO REYES ORG XMIT: CR042 - Jose Antonio Meade, former Mexico Finance Minister, and pre-candidate for Institutional Revolutionary Party (PRI), addresses the audience during his registration as a pre-candidate for The Ecological Green Party of Mexico (PVEM) in Mexico City, Mexico December 11, 2017. REUTERS/Carlos Jasso ORG XMIT: GGGCJB02
Os presidenciáveis chileno, Sebastian Piñera (esquerda) e mexicano, José Antonio Meade (direita)

A disputa presidencial no Chile, com segundo turno neste domingo (17), dá início a um ciclo de eleições em vários dos principais países da América Latina nos próximos 12 meses. Exceção feita à Argentina, as nações mais populosas vão às urnas, a maioria delas diante de um quadro de incerteza.

A despeito dos variados graus de turbulência política, é alvissareiro que quase dois terços dos cerca de 640 milhões de habitantes da região tenham a chance de votar. Basta lembrar que, até os anos 1980, boa parte dos latino-americanos convivia com ditaduras.

Brasil e México, as duas maiores democracias do subcontinente, compartilham algumas semelhanças neste início de corrida eleitoral. Ambos são comandados por presidentes que amargam baixa popularidade, cujos ministros da Fazenda têm ambições de sucedê-los.

No caso mexicano, José Antonio Meade já deixou a pasta, após se tornar o nome do governista PRI, de centro-direita, para o pleito de julho de 2018. Já Henrique Meirelles, igualmente um tecnocrata bem-sucedido, flerta com a candidatura, embora não ostente ainda capital político para tal aspiração.

Existem similitudes também à esquerda. Se as pesquisas daqui dão vantagem a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lá quem lidera é López Obrador. Trata-se de um postulante já duas vezes derrotado (2006 e 2012) e que também divulgou uma carta para tranquilizar os mercados, emulando a campanha vitoriosa do congênere brasileiro.

Outra disputa de difícil prognóstico se dá na Colômbia, que elege novo líder em maio. Dois candidatos esquerdistas aparecem à frente nos levantamentos de intenção de voto, mas com pouca dianteira sobre o principal nome conservador.

A esquerda, em geral, tem perdido espaço na vizinhança. Se confirmada a previsão de vitória de Sebastián Piñera, os chilenos se juntarão a peruanos e argentinos entre os que optaram por governantes ao centro e à direita.

Quem busca frear a qualquer custo o avanço opositor é Nicolás Maduro, que tem gerido o calendário eleitoral de acordo com sua conveniência. O ditador promete que os venezuelanos votarão para presidente no último trimestre do ano que vem. Se isso ocorrer, é provável que só a fraude mantenha o chavismo no poder.


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