Folha de S. Paulo


editorial

Razões para otimismo

Robson Ventura/Folhapress
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Clientes em loja de eletrodomésticos; consumo das famílias cresceu 1,2% no terceiro trimestre

Há boa possibilidade de que a economia brasileira cresça 1% em 2017, em vez do 0,5% que se previa até meados do ano. O desempenho do terceiro trimestre, divulgado nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE, permite expectativas mais otimistas para a retomada, mesmo que esta ainda se mostre tênue.

A expansão de mero 0,1% apurada de julho a setembro (na comparação com os três meses imediatamente anteriores) é menos frustrante do que aparenta, uma vez que foram revistos para cima números de trimestres antecedentes.

De mais relevante, o investimento em novas instalações, máquinas e equipamentos avançou, interrompendo uma sinistra trajetória de queda iniciada ao fim de 2013.

Tal dispêndio permanece em patamar vexatório —em torno de 16% do Produto Interno Bruto, muito abaixo dos 21% dos anos iniciais da década. Mas ao menos o desmonte da capacidade produtiva parece ter se encerrado.

O consumo privado cresceu em ritmo forte. Desfez-se assim o receio de que as famílias deixariam de ir às compras tão logo passasse o efeito do aumento transitório de renda advindo do saque das contas inativas do FGTS.

Outro dado animador é que a recuperação se apresenta mais disseminada pelos setores, em um sinal de normalização da atividade econômica. Não resta mais dúvida de que a recessão iniciada em 2014, uma das mais devastadoras da história do país, ficou para trás.

As primeiras estimativas para este fim de ano apontam para desempenho semelhante ou superior ao do terceiro trimestre. Quanto a 2018, as avaliações são mais dispersas, sugerindo uma expansão entre 2% e 3,5%.

Em tese ao menos, prenuncia-se um próximo ano de inflação na meta e taxas de juros historicamente baixas e estáveis. O nível de emprego continua em progresso moderado, mas acima das expectativas iniciais. A velocidade da volta dos investimentos, porém, é uma incógnita.

Especialmente, porque os humores dos empresários dependerão da evolução do cenário político e da agenda legislativa. Um eventual fracasso da reforma da Previdência e o risco de que prosperem candidaturas presidenciais populistas ameaçam a confiança dos setores produtivos, que tem se restabelecido de modo notável.

Não há como negar que se trata de uma retomada lenta. Entretanto o país encontrou, afinal, meios de se desviar da ruína. A prioridade agora deveria ser buscar maneiras de acelerar a convalescença, mas o Congresso e boa parte das lideranças políticas resistem à tarefa.

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