O Brasil, que se coloca no triste ranking dos países mais violentos do mundo, com 60 mil homicídios por ano, tem se destacado também por ser um dos países em que policiais mais morrem assassinados, a maioria fora de serviço.
Apenas em 2015, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública estimou em 358 o número de policiais assassinados no país. Hoje, 26 de agosto de 2017, o 100º policial foi assassinado no Rio de Janeiro. Fabio José Cavalcante e Sá foi morto com 11 tiros, em São João de Meriti.
Mais uma vida perdida em decorrência do agravamento da crise política, econômica e institucional brasileira. Mais uma vida perdida que poderia ter sido evitada se o Estado brasileiro assumisse a redução da violência e da insegurança como eixo estratégico de sua atuação. Mais uma família destruída pela violência.
E em meio a este contexto, o Ministério da Defesa está coordenando o que seria o Plano Nacional de Segurança Pública, enquanto o Ministério da Justiça demonstra absoluta incompetência para lidar com a crise. O Exército está nas ruas do Rio de Janeiro em uma ação espetaculosa, mais preocupada em garantir segurança à classe média do que a vida da população periférica e dos policiais que ali atuam.
Se com força bruta fosse possível solucionar o problema da criminalidade e da violência no Brasil, nós já o teríamos feito.
Implementando uma política completamente míope de guerra às drogas, vitimamos todos os dias milhares de jovens e policiais, aterrorizamos a população das favelas que, a cada dia que passa, descreem mais da capacidade do Estado e de seus policiais de garantirem cidadania ou o mínimo de dignidade à população.
E o que efetivamente temos feito para evitar tragédias como essa? A lei 13.142 sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2015 tornou o homicídio de policiais crime hediondo. E ainda assim não sabemos quantos homicidas de policiais foram presos.
O Estado do Ceará, por exemplo, definiu em seu sistema de metas que unidades que prendam homicidas de policiais terão um valor extra no seu bônus. Prática louvável, que mostra prioridade com a vida do policial e reforça a importância de os agentes estatais agirem nos termos da lei.
Nosso modelo de segurança pública falhou em garantir a vida da população. Tem falhado em garantir a vida dos policiais. Ou reformamos o sistema de segurança pública e justiça criminal,
ou continuaremos a contar nossos mortos.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública se solidariza com as famílias dos policiais mortos.
RENATO SÉRGIO DE LIMA é diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
SAMIRA BUENO é diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
PARTICIPAÇÃO
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