Folha de S. Paulo


JOÃO GOMES CRAVINHO

Parceria no mundo global

Nesta terça-feira, 9 de maio, ao celebrarmos o Dia da Europa, é importante recordar a histórica proposta do chanceler francês Robert Schuman em 1950, que abriu portas a uma caminhada de integração econômica e política.

Segundo Schuman, "a paz mundial não pode ser salvaguardada sem esforços criativos proporcionais aos perigos que a ameaçam". Era verdade naquela época, continua sendo verdade hoje.

A Europa titubeante de 1950 vivia ainda na sombra de duas terríveis Guerras Mundiais que subjugaram o continente e o resto do mundo.

As ideias de Schuman levaram à assinatura dos Tratados de Roma em 1957. Ninguém na época era capaz de imaginar o que aconteceria em seguida. De forma inédita em nossa história, não voltamos a ter guerras em solo europeu.

Hoje a União Europeia constitui um símbolo de paz, liberdade e prosperidade. São esses os valores que norteiam nossa interação com o resto do mundo. Neste ano, esperamos alcançar progresso significativo nas relações com o Brasil.

Ainda no mês de maio, a Alta Representante da União Europeia para Política Externa e de Segurança, Federica Mogherini, visitará o Brasil pela primeira vez, reunindo-se com as mais importantes autoridades do país.

Na segunda metade do ano, pretendemos organizar uma Cúpula Presidencial, a ser realizada em Brasília, ocasião que nos permitirá aprimorar as relações bilaterais e discutir enfoques comuns aos desafios regionais e globais.

O mundo está em mutação rápida; juntos, União Europeia e Brasil já demonstraram que podem fazer a diferença, trilhando caminhos relevantes para a governança global num mundo desgovernado. A Cúpula servirá, ainda, para articular nossas posturas e reforçar nossa capacidade de atuação diante dos impasses mundiais.

O futuro da globalização exige diálogo internacional profundo. Contamos com o Brasil para avançarmos nesse objetivo.

Ao mesmo tempo, precisamos garantir a prosperidade de nossos povos. O acordo abrangente entre União Europeia e Mercosul, cuja negociação entra em fase decisiva, é uma resposta concreta a esse objetivo.

Somos, de longe, o maior investidor e parceiro econômico para os países do bloco, incluindo o Brasil, mas temos a consciência de que podemos criar melhores condições para os dois grupos. Essa perspetiva nos anima para finalizarmos ainda neste ano este ambicioso acordo.

A cooperação entre a União Europeia e o Brasil não se restringe ao comércio e aos investimentos.

Temos muitos pontos em comum: somos profundamente multilateralistas, queremos reforçar a ONU e outras organizações e acreditamos que é possível oferecer um mundo melhor para as gerações futuras.

Mudanças climática, desenvolvimento sustentável, desrespeito aos direitos humanos -sabemos que os desafios internacionais são de grande escala e podem, por vezes, ser desconcertantes e desanimadores.

Mas sabemos também que União Europeia e Brasil formam uma parceria poderosa que reforçaremos ainda mais nestes tempos conturbados em que vivemos.

JOÃO GOMES CRAVINHO, português, doutor em economia pela Universidade de Oxford, é embaixador da União Europeia no Brasil

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