Folha de S. Paulo


BENJAMIN RIBEIRO DA SILVA

Reformas, necessidade imperiosa

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo é radicalmente a favor das reformas de que o Brasil precisa. No estágio em que vivemos, não há mais espaço para paternalismos demagógicos.

O episódio recente da Grécia -embora com densidade demográfica, populacional e economia bem diferentes da nossa- mostrou que só podemos gastar o que arrecadamos.

Nossa entidade, que representa mais de 10 mil escolas particulares do Estado, não apoia a paralisação promovida por baderneiros que só querem o caos.

As leis trabalhistas e previdenciárias brasileiras são arcaicas, não mais servem para um país moderno e ávido pelo progresso.

Números publicados recentemente mostram que, em 2016, a Previdência Social registrou deficit de aproximadamente R$ 152 bilhões, um crescimento de quase 60% em relação a 2015. A despesa com benefícios cresceu 6,6% e fechou o ano em R$ 526 bilhões.

Em compensação, a arrecadação ficou em R$ 364 bilhões, queda de 6,4%. A receita líquida foi responsável por 5,8% do PIB, e o deficit chegou a 2,4%. Como se vê, a conta não fecha e, em pouco tempo, uma parcela significativa da população brasileira nem terá a possibilidade de conhecer o atual sistema previdenciário do país.

Com relação à reforma trabalhista, cujo texto-base foi aprovado pela Câmara na quarta (26), prevalecem os acordos entre patrões e empregados sobre a lei e determina-se o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical.

Muitos aspectos importantes da proposta ainda estão em debate e mudanças poderão ocorrer. Em um país com mais de 13 milhões de desempregados, a reforma é imperiosa e não dá margem para contestações.
Reitero que somos favoráveis ao debate, e por isso esperamos contar com o apoio dos dirigentes do setor educacional para um amplo entendimento.

Não se reforma um país com atos de vandalismo. As conquistas virão através da educação, do conhecimento e do debate franco e aberto. Cabe a cada um de nós, dirigentes, liderar essa bandeira em nome do futuro do Brasil.

A pretexto de protestar contra as reformas, as centrais sindicais e os partidos políticos tentam parar o país. Pura demagogia, pois não há propostas alternativas para salvaguardar os interesses das camadas mais pobres da população.

Argumentam que as reformas foram encaminhadas sem um debate qualificado. Esquecem-se, contudo, de que nada foi encaminhado nos muitos anos que passaram no governo.

O foro ideal para o debate dessas questões é o Congresso Nacional, o verdadeiro representante do povo brasileiro. Greves e paralisações só prejudicam os cidadãos de bem que querem trabalhar e construir um país melhor -objetivo que só será conquistado por meio da aprovação das reformas.

Precisamos de um amplo entendimento nacional, sem ódios e radicalismos. O debate está na mesa dos brasileiros. É hora de realizarmos uma ofensiva em favor de nossos jovens, que aguardam a oportunidade de entrar no mercado de trabalho e de sonhar com o futuro.

A irresponsabilidade tem preço, um custo muito alto para um país que ainda busca meios para reverter suas graves deficiências. É trabalhando e reformando que edificaremos o país almejado por todos.

BENJAMIN RIBEIRO DA SILVA é diretor do Colégio Albert Einstein e presidente do Sieeesp - Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo

PARTICIPAÇÃO

Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br


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