Folha de S. Paulo


LIAM FOX

Nova fase para as relações bilaterais

Reino Unido e Brasil são parceiros fiéis e de longa data, com relações diplomáticas existentes há quase dois séculos. Ao longo de todo esse período, comércio e investimento se mantiveram no cerne de nossa cooperação, mas foi na última década que esse relacionamento se fortaleceu.

Em junho, o povo britânico votou para sair da União Europeia, cenário que se apresenta como uma oportunidade para que o Reino Unido estabeleça novos laços comerciais pelo mundo, incluindo Brasil e Mercosul.

Isso envolve também, enquanto somos membros da União Europeia e mesmo depois, nosso trabalho em prol de um acordo de livre-comércio entre Europa e Mercosul.

Ao atuarmos juntos para concretizar essa ambição, contribuímos para resguardar a prosperidade mútua das nossas nações.

Os laços comerciais entre Brasil e Reino Unido são fortes e resilientes. Mesmo com impactos econômicos, a exportação de produtos e serviços britânicos para o país mais que dobrou em dez anos, alcançando cerca de R$ 15 bilhões em 2015. E o Reino Unido importou cerca de R$ 12 bilhões do Brasil.

Somos também o quarto maior investidor estrangeiro no Brasil. Gigantes britânicas como Shell, Unilever e GSK estão no país há mais de um século. Neste mês, a Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham) celebra seus 100 anos. Do outro lado, temos empresas brasileiras se estabelecendo no Reino Unido desde a década de 1960, como o Banco do Brasil.

Todavia, é possível fazer mais. O Reino Unido não está nem entre os dez maiores parceiros comerciais do Brasil -é apenas o 14º destino para empresas brasileiras investindo no exterior. O Reino Unido está aberto para negócios como nunca antes, pronto para estabelecer uma nova posição no coração do comércio global.

É por isso que estou no Brasil nesta semana. Durante a 9º reunião do Comitê Econômico e de Comércio Conjunto, discuti com o ministro brasileiro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, maneiras de construir conexões mais fortes entre os nossos governos, nossas empresas e também de superar as barreiras comerciais.

Da mesma forma, queremos apoiar o Brasil em sua transformação social e econômica, colaborando com o investimento privado e internacional em projetos de proteção do meio ambiente e promoção do crescimento, no avanço de infraestruturas sustentáveis nas cidades, na redução de custos para importadores e exportadores e no melhor uso de recursos de energias renováveis nos próximos 20 anos.

Já somos fortes parceiros em outras áreas, como na educação, em que vemos anualmente um recorde de estudantes brasileiros beneficiados pelo programa de bolsas Chevening, que triplicou desde 2013.

Na área de ciência e inovação, desde o lançamento do fundo britânico Newton Fund no Brasil, já foram investidos R$ 115 milhões em pesquisa bilateral de doenças infecciosas e negligenciadas, agricultura sustentável e modelos climáticos, com contrapartida de mais de 15 instituições brasileiras.

Parcerias como essas ajudaram a identificar cem novas espécies da flora brasileira, numa cooperação entre Kew Gardens e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Também permitiram o sequenciamento genômico da zika, num projeto do Fiocruz Pernambuco e Kew Gardens que pode significar uma solução futura para o combate ao vírus.

Maior cooperação e integração econômica entre Reino Unido e Brasil irá beneficiar ambos os países. Vamos começar já!

LIAM FOX é ministro do Comércio Internacional do Reino Unido. Ocupa também a presidência do Conselho de Comércio Britânico

PARTICIPAÇÃO

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