Folha de S. Paulo


MARX BELTRÃO

Parcerias e oportunidades no turismo

O ano de 2016 foi especialmente importante para o turismo brasileiro. Vivemos a experiência única de sediar, com bons resultados, o maior evento esportivo do planeta.

Cerca de 90% dos turistas que vieram ao país para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos afirmaram ter interesse em voltar. A imprensa internacional também se rendeu aos encantos do Brasil.

Poderíamos agora nos acomodar e colher os frutos plantados, mas fazer isso é desperdiçar todo o potencial de termos sido a vitrine do mundo durante todo esse tempo.

Precisamos agora aproveitar esse legado de imagem e transformar o Brasil em um grande destino turístico mundial. Colocar o país na prateleira de consumo de turistas de todos os cantos do mundo irá gerar desenvolvimento, emprego e renda para os brasileiros.

Quando cheguei ao Ministério do Turismo, recebi apenas uma missão: fazer do setor um grande gerador de empregos. No governo do presidente Michel Temer, a geração de empregos é quase um mantra repetido e trabalhado por todos. E, à frente do ministério, esse agora é o meu mantra também.

Vivemos um momento desafiador e acredito que o turismo é uma atividade que pode dar respostas mais rápidas para a economia. Conseguimos, quase que organicamente, ampliar ano a ano o número de visitantes internacionais em nosso país.

Para atrair mais turistas, no entanto, é preciso melhorar nossa promoção, e principalmente, investir mais em turismo. Por que eu digo isso? Em pouco tempo no setor percebi que o Brasil tem inúmeras opções de destinos -de sol e praia, de natureza e ecoturismo, cultural.

Mas de nada adianta sermos o número um do mundo em recursos naturais e o oitavo no ranking do Fórum Econômico Mundial no quesito cultural, se a nossa posição não se materializa em negócios.

Ainda não conseguimos transformar nosso potencial e vocação em empregos e renda. Nesse aspecto, eu vejo o Brasil como um grande transatlântico em um açude. Grande, imponente e poderoso em recursos, mas à deriva e com poucas alternativas de desenvolvimento.

Por isso, a minha proposta de agenda principal no Turismo é abrirmos um sério diálogo entre o setor público e privado para conseguirmos avançar, atrair mais turistas e gerar empregos e renda.

O diálogo compreende não só ouvir e falar. Os empresários estão aí falando há algum tempo, sem que os governos anteriores tenham parado para, de fato, escutar. O nosso papel agora é ouvir, entender, mas principalmente, realizar. Avançar nos temas que se tornaram grandes gargalos. E o primeiro deles é a burocracia para novos investimentos.

É intolerável que tenhamos uma burocracia tão grande, capaz de afastar os interesses de empresários brasileiros e estrangeiros. Vejo que nossos parques públicos nacionais, nossas orlas e marinas, estão intocáveis. A iniciativa privada precisa chegar a esses lugares.

Vejo grandes oportunidades, mas é preciso ter vontade política para transformar todo esse potencial em negócios. Precisamos criar estratégias econômicas sustentáveis para o uso e manejo adequado dos recursos naturais.

A exemplo do que está sendo feito pelo Programa de Parcerias de Investimentos com rodovias e aeroportos, quero abrir o turismo para a iniciativa privada. Quero atrair investidores para a exploração sustentável de áreas com grande potencial turístico.

Para isso devemos oferecer um financiamento mais flexível, mais ágil, com juros subsidiados e acessíveis. As áreas com potencial turístico precisam ser elencadas para dispor de benefícios fiscais, tributários e uma legislação ambiental mais flexível.

Para o país ter algum retorno, precisa oferecer as condições adequadas aos empresários. No jogo do ganha-ganha, quem vence é o país.

Com as parcerias público privadas, poderemos transformar o turismo em uma grande oportunidade econômica e social do Brasil.

MARX BELTRÃO, advogado, é ministro do Turismo. Foi deputado federal (PMDB-AL)

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