Imagine se você pudesse abrir um negócio em qualquer parte do mundo. Para onde iria? Antes de decidir, considere estes fatos: os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não atingiram seus potenciais, e a maioria das 36 economias mais avançadas do mundo cresceu menos em 2015.
Atualmente, cerca de 25% dos títulos públicos em circulação no mundo têm taxas negativas. E, ao mesmo tempo, bancos centrais de toda parte manipulam mercados de câmbio, o que é insustentável no longo prazo.
Então, onde um empreendedor sábio deve abrir um negócio? A resposta está em economias competitivas.
A competitividade de um país não é determinada pelo crescimento de curto prazo ou pela sua própria avaliação de prosperidade. Trata-se da habilidade em gerar valor de longo prazo sustentável.
Do ponto de vista de um empreendedor, um país que melhora sua competitividade verá uma subsequente melhora no PIB e crescimento no mercado de ações. Isso indica que a competitividade é um fator econômico importante, de um jeito que o simples crescimento não é.
A competitividade de um país está relacionada ao gerenciamento de recursos e competências para criar um ambiente no qual as empresas possam manter a criação sustentável de valor. Fazer isso exige aperfeiçoamento dos sistemas de educação e saúde e redução do setor público.
Além disso, bons governos garantem boa regulação, transparência (sem corrupção) e foco nas pessoas. Estimulam um ambiente favorável para que o setor privado crie empregos. Singapura e os Emirados Árabes Unidos são bons exemplos disso.
Por outro lado, muitos países em desenvolvimento, incluindo a maioria dos Brics, têm infraestrutura precária (entre outras coisas), o que impede muitas organizações de operarem seus negócios.
Uma estratégia clara também é um aspecto importante. Não deve apenas dar soluções a problemas de curto prazo, mas também focar naqueles de longo prazo.
A dificuldade aqui está no fato de que a maioria dos sistemas políticos impede essa visão, pois os líderes tendem a focar em ganhos rápidos, em esforços para vencer a próxima eleição.
Cada país deve desenvolver estrutura e estratégia relevantes para o seu próprio contexto. Aprender com boas práticas é uma coisa, mas copiar o modelo de outro país não é uma boa ideia, pois o contexto nunca será o mesmo.
Como disse Stéphane Garelli, ex-diretora do Centro de Competitividade Mundial do IMD: "Não importa para qual país você vá, a salada será diferente. Não significa que ela será melhor, simplesmente será diferente".
Então, retomando a pergunta inicial: onde iniciar um novo negócio? Busque por um lugar com liderança, visão de longo prazo, estratégia clara e única e desenvolvimento que apoie tanto empresas privadas quanto instituições.
ARTURO BRIS é professor de finanças e diretor do Centro Mundial de Competitividade do IMD, escola suíça de negócios
PARTICIPAÇÃO
Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br