Folha de S. Paulo


Fernando Capez

A verdade sobre a merenda

Tentarei desfazer a máxima de Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, de que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Apesar da onda de desinformação a que a população vem sendo submetida a meu respeito, faço, deste espaço, a minha trincheira.

Antes de mais nada, cabe uma pergunta. A quem interessa desconstruir minha biografia? Sou membro do Ministério Público e professor de direito há quase 30 anos, palestrante conhecido no Brasil e autor de 60 obras jurídicas.

Minhas aulas via internet alcançam 150 mil pessoas. Tenho um instituto jurídico há 20 anos, pelo qual recebo pagamentos por aulas, palestras e direitos autorais de meus livros. Esse instituto jamais ganhou um único centavo de dinheiro público ou de empresa que tenha contrato com o poder público.

Constitui meu patrimônio bem antes de concorrer a meu primeiro mandato. Após ser o deputado estadual mais votado em 2014, fui eleito, por meus pares, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Em menos de dois anos de gestão, aprovamos 70 projetos de lei. Convoquei membros do Ministério Público para me auxiliarem na gestão administrativa. Com seriedade no trato da coisa pública, renegociamos contratos e economizamos R$ 24 milhões em 2015.

Como alguém com esse histórico e essa postura de probidade e de zelo pelo erário iria se envolver numa trama espúria para fraudar licitação de merenda?

Tenho credibilidade e responsabilidade. Não sou alguém que nada tem a perder. Como não entreguei minha honra à política, estou aqui para defendê-la. Quem tenta me vincular a uma suposta máfia da merenda age de má-fé. Vamos aos fatos.

Jamais recebi, em meu proveito ou de minha campanha eleitoral, qualquer verba ilícita, muito menos oriunda de fraude na merenda. Para mim, isso soa tão absurdo que beira o ridículo.

Não conheço, nunca estive nem conversei com nenhum dos investigados. Todos eles e as testemunhas ouvidos pela corregedoria da administração e pela CPI me isentaram. Perante o Tribunal de Justiça, todos afirmaram que meu nome foi usado e que nada tenho a ver com fraudes.

Não pedi nem autorizei ninguém a solicitar, junto à cooperativa investigada, dinheiro ou bens para minha campanha. O delator foi categórico ao afirmar que jamais tratou de dinheiro comigo e que nunca lhe pedi nada, pessoalmente ou por interposta pessoa.

Quando o delator supostamente teria procurado meu ex-funcionário, a licitação estava quase concluída, de modo que não havia sequer o que influenciar.

O próprio relatório final da corregedoria da administração concluiu que não houve interferência externa nessa licitação.

Quanto aos funcionários mencionados, que supostamente teriam recebido valores da cooperativa, um trabalhou por breve período no meu gabinete, há mais de 5 anos, e o outro já tinha sido por mim desligado no ano do suposto recebimento.

Ouvidos, ambos foram expressos ao dizer que eu de nada sabia. Essa é a prova dos autos. Jamais fiz qualquer brincadeira sugerindo dificuldades de campanha.

A prestação de contas à Justiça Eleitoral comprova a minha seriedade no trato dessa questão. Aguardo, com a alma serena pela consciência límpida, mas inconformado pelo ataque vil e sistemático à minha reputação, a palavra final de inocência do Judiciário.

Enquanto isso, o jornalismo investigativo neutro não pode ceder à tentação do sensacionalismo. Há o tempo de rasgar e o tempo de costurar. Somente peço ao leitor que não se impressione com manchetes tendenciosas ou com a exploração política do caso. Não permita que a mentira se torne verdade.

FERNANDO CAPEZ, procurador de Justiça licenciado, é deputado estadual (PSDB-SP) e presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

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