Folha de S. Paulo


LINAMARA RIZZO BATTISTELLA

Moda inclusiva, linguagem universal

No dia 24/09, a Folha publicou o artigo "Moda mira refugiados e deficientes". assinado por Vanessa Friedman.

O texto aborda trabalhos desenvolvidos por estilistas de Nova York que despertaram o olhar para uma moda traduzida em proporcionar funcionalidade e bem-estar, de acordo com as necessidades do indivíduo alinhadas às transformações da sociedade.

Nesse sentido, o Estado de São Paulo é pioneiro nesse olhar ao realizar desde 2009 o Concurso Internacional de Moda Inclusiva, com o propósito de estimular estudantes e profissionais do mundo todo a pensarem soluções de vestimentas que contemplem as diferenças.

Além de sensibilizar sobre autocuidado, autoestima, vestuário e influenciar novas tendências para o mercado, o concurso visa jogar luz para novas oportunidades de negócios pautadas pela responsabilidade social e, principalmente, pelos conceitos de acessibilidade e desenho universal, visando o desenvolvimento de produtos que possam atender de forma equânime a toda a diversidade humana.

A nova moda desperta na sociedade o olhar para o outro. Na década de 1980, ao dirigir o Centro de Reabilitação no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, era clara a dificuldade que os pacientes com deficiência enfrentavam ao longo do processo de reabilitação, uma vez que as roupas disponíveis no mercado não eram funcionais.

Já nos anos 1990, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho reforçava a necessidade deste público se empoderar de um vestuário compatível às atividades que iria exercer.

Escolher o que irá vestir é algo corriqueiro, mas reflete como o indivíduo é e deseja ser percebido pelos outros.

Na chegada dos anos 2000, o conceito moda inclusiva foi consolidado e mostra que alinhar conforto, funcionalidade e estilo.

É o caminho para atender uma sociedade preocupada com um cenário com impactos sociais e ambientais positivos.

No último sábado, 15/10, nos surpreenderemos com os 20 projetos finalistas que recebemos não só do Brasil, mas também de países como Japão, Argentina e Irã em um desfile em que as pessoas com deficiência são as protagonistas da passarela.

É nesta passarela que a moda inclusiva se mostra uma linguagem universal que une os povos e democratiza a possibilidade de ocupação por todos os espaços, públicos e privados.

LINAMARA RIZZO BATTISTELLA é médica fisiatra, professora da Faculdade de Medicina da USP e secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo

PARTICIPAÇÃO

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