Folha de S. Paulo


editorial

Promessas educacionais

Na campanha para a Prefeitura de São Paulo, com início marcado para esta terça-feira (16), a educação infantil certamente se destacará entre as diversas promessas dos candidatos.

A área não só tem inquestionável importância para a população como também é marcada por carências graves e antigas. Com relação às creches, por exemplo, persiste há muito na capital uma imensa fila de espera, hoje composta por cerca de 110 mil crianças.

No afã de conquistar votos ou aumentar a popularidade, postulantes e eleitos se promovem, não raro, com promessas fantasiosas —ou no mínimo exageradas— para o setor. Parece ser esse o caso do prefeito Fernando Haddad (PT), que tentará a reeleição em outubro.

A quatro meses do fim, a gestão petista ainda não cumpriu as metas elevadas que se impôs. Das 243 creches prometidas, por exemplo, apenas 39 foram entregues até o presente. Outras 53 unidades, de acordo com a prefeitura, estão sendo construídas.

Diante dos resultados pífios, a municipalidade estabeleceu convênios com instituições privadas a fim de aumentar o número de crianças atendidas. Mesmo assim, ainda está longe de alcançar o objetivo de criar 150 mil vagas em creches e pré-escolas; até agora, providenciou cerca de 95 mil.

O objetivo de construir 20 unidades de CEUs (centros educacionais unificados), criados na gestão da prefeita pelo PT que agora concorrerá pelo PMDB, Marta Suplicy, também não será atingido. Apenas um CEU, o de Heliópolis (zona sul), foi entregue, e outros oito estão em fase de construção.

O descumprimento dessas promessas decerto impacta a avaliação de Haddad pelos paulistanos. Embora suas bandeiras mais visíveis, como a expansão das ciclovias, sejam bem vistas, o prefeito amarga baixa popularidade (14%) e mínima intenção de voto (8%).

Após gastar tempo culpando a falta de verbas federais pelas metas não atingidas, a gestão municipal agora busca valorizar seus feitos. Afirma ter produzido a maior expansão já registrada na educação infantil de São Paulo.

Maior ou não, Fernando Haddad incluiu mais de 90 mil crianças na educação infantil e diminuiu a fila das creches em 45 mil na comparação com julho de 2012. Não é pouco, sobretudo num contexto de aguda crise econômica.

Todos os candidatos precisam dosar com realismo suas promessas para essa e outras áreas. As restrições orçamentárias estão aí, à vista de todos, e compete a eles fazer suas propostas caberem dentro delas.

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