Folha de S. Paulo


Mario Andrada e Silva

Já não existe mais o Rio sem os Jogos Olímpicos

Sorte do Brasil que a história só anda para frente. Por mais que tenhamos a sensação de ter visto algumas de nossas mazelas se repetirem, é vida que segue. Em frente! Já não existe o Rio sem os Jogos. O Rio é uma cidade olímpica. Nunca mais será a mesma.

A cerimônia de abertura acontece, em 5 de agosto, no estádio do Maracanã. Parar o bonde, pedir para descer, querer cancelar os Jogos... Nada disso existe.
Para nossa sorte, o Rio de Janeiro será a capital do mundo em 2016. Se tivéssemos perdido a candidatura em 2009, R$ 75,8 bilhões em investimentos feitos no Brasil, de acordo com projeções da Fundação Getulio Vargas, estariam hoje em Chicago, Madri ou Tóquio.

O projeto do metrô não teria saído do papel. E, sobretudo, estaria sem conexão com a Barra da Tijuca. O transporte urbano na cidade cada vez mais maravilhosa seguiria com os trens velhos da Central rumo ao oeste. O mesmo em relação aos ônibus, da Central rumo ao sul. A praça Mauá ainda estaria presa nas sombras da Perimetral....

A realidade do Rio Olímpico é um copo cheio de novidades. No dia 12 de setembro de 1962, o presidente norte-americano John Kennedy fez um discurso histórico. Ele anunciou a decisão de mandar um astronauta à Lua. "Decidimos ir à Lua nesta década... Esse objetivo vai servir para organizar e medir o melhor das nossas energias e habilidades. Esse desafio é um daqueles que nós estamos prontos para aceitar e não queremos adiar. É um desafio que pretendemos vencer..."

Os milhares de funcionários do Comitê Rio 2016, os atletas brasileiros, os dirigentes esportivos, a Prefeitura do Rio, o governo do Estado, o governo federal, os patrocinadores e o COI (Comitê Olímpico Internacional) decidiram ir à Lua com o Rio de Janeiro. Já dizia Kennedy: "Esse é um desafio que pretendemos vencer".

Os passos foram dados. Os Jogos Olímpicos são do bem. Trazem investimentos, oportunidades, sorrisos, empregos, mudanças. Será que dá para ignorar 1,79 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos no país? Aqui os Jogos são sustentáveis. Tanto no lado econômico quanto no ambiental.

Muitos brasileiros, de todos os cantos do país, estão empregados na organização dos Jogos Olímpicos. No turismo, a cidade dobrou o número de quartos de hotéis.

No Rio, o esporte encontra sua moldura mais linda. Os melhores velejadores do mundo, pela honra de navegar sob os olhos do Cristo, de braços abertos sobre a Guanabara, aceitam conviver com águas que poderiam estar bem mais limpas.

Vamos comemorar o nosso futuro com os jovens, que nos Jogos buscarão inspiração para encontrar um futuro no esporte.

E agora, com tudo pronto, resta uma pergunta. Mágica? Não. Sonho e obstinação. Os Jogos vão gerar a energia de que o Brasil precisa. Será possível mostrar na prática que podemos transformar a cidade, realizar a Olimpíada e celebrar. Comemorar muito mesmo.

Bora até a Lua?

MARIO ANDRADA E SILVA, jornalista, é diretor-executivo de comunicação do comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio.
Foi diretor de comunicação da Nike para a América Latina

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