Folha de S. Paulo


NAWAL EL MOUTAWAKEL

Rio está pronto para fazer história

Daqui a algumas semanas, os olhos do mundo estarão voltados para o Rio de Janeiro e para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Será um momento histórico, há muito esperado.

Como atleta olímpica e membro do COI (Comitê Olímpico Internacional), sete anos atrás aplaudi quando o Brasil tornou-se o primeiro país da América do Sul a sediar os Jogos. Foi a escolha certa. E ainda é a escolha certa.

Digo isso com confiança, pois estive envolvida em cada passo da jornada Olímpica do Rio. Visitei esta linda e dinâmica cidade mais de duas dezenas de vezes como presidente da comissão de coordenação do COI. Nosso trabalho é ajudar os organizadores locais a entregar excelentes Jogos que deixarão um legado positivo.

Não é segredo que a organização tem sido uma tarefa desafiadora, complicada por eventos políticos e econômicos do país que nada têm a ver com a competição.
Eu observei os Jogos de quase todos os ângulos possíveis, incluindo a visão da pista do Estádio Olímpico de Los Angeles, onde, em 1984, ganhei uma medalha de ouro nos 400 metros com barreiras. Trata-se de um empreendimento complexo. Não há nada parecido.

Nenhum outro evento apresenta 10.500 atletas de todo o mundo competindo em 28 esportes durante 16 dias, diante de 20 mil jornalistas, 500 mil espectadores e um público global de mais de 4 bilhões de pessoas. Mas há um outro ingrediente importante para este sucesso: a personalidade da cidade-sede.

Todas as edições das Olimpíadas são infundidas com cultura, personalidade e tradições singulares da cidade-sede e de seu povo. Os brasileiros e os cariocas têm um calor, resiliência e entusiasmo pela vida que irão energizar os Jogos de 2016.

Gostamos de dizer que a Olimpíada é uma celebração da unidade na diversidade. E assim também é o Rio, que tem atraído algumas das melhores e mais brilhantes pessoas de todo o mundo ao longo de 450 anos.

Os Jogos ajudarão a tornar o Rio um lugar ainda melhor. No momento em que a economia passa por dificuldades, os projetos criaram milhares de vagas de trabalho e deram um impulso para pequenas e médias empresas em todo o Brasil. Projetos que trarão benefícios por muito tempo. Acredito que as pessoas vão falar de um Rio de antes de 2016 e de outro Rio de depois.

Em sete anos, o acesso a transportes de alta capacidade no Rio aumentou de 18% para 63%, com quatro novas linhas do BRT (corredor de ônibus) e a nova linha 4 do Metrô. A zona portuária foi reconstruída. Após os Jogos, muitas das instalações esportivas, incluindo o estádio de esportes aquáticos, serão de uso público. A arena de handebol dará lugar a quatro escolas.

Cerca de 70 novos hotéis foram construídos, o que criará milhares de postos de trabalho a longo prazo e ajudará a impulsionar o turismo.

Veremos o impacto do legado no povo, especialmente nos jovens. Milhares de voluntários terão uma experiência que nunca esquecerão. Pessoas em todo o Brasil verão o que o Rio é capaz de fazer. O mundo se lembrará dos motivos da escolha do COI.

Eu sei o que essa cidade consegue fazer, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras. Sei porque trabalhei com a equipe do Comitê Rio 2016 e muitos outros brasileiros que contribuíram para esse sucesso.

Não tenho dúvidas de que os Jogos do Rio serão uma alegre celebração dos esportes, dos valores olímpicos e do espírito de uma das maiores cidades do mundo. E mal posso esperar pela cerimônia de abertura.

NAWAL EL MOUTAWAKEL, marroquina, é presidente da comissão de coordenação do COI (Comitê Olímpico Internacional) para o Rio 2016. Ex-atleta, ganhou medalha de ouro na prova dos 400 metros com barreiras nos Jogos de Los Angeles, em 1984

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