Folha de S. Paulo


editorial

Nova corrida espacial

A empresa norte-americana SpaceX parece gostar de surpreender o mundo da exploração espacial.

Em dezembro, realizou o feito inédito de lançar um foguete, colocar em órbita 11 satélites e recuperar o primeiro estágio do veículo lançador. O artefato pousou praticamente no mesmo local de onde havia decolado, na Flórida (EUA).

Agora, anuncia um plano para, já em 2018, lançar uma espaçonave em direção a Marte. Originalmente projetada para levar astronautas para a Estação Espacial Internacional, a cápsula deve começar a ser testada no próximo ano.

A missão interplanetária, que terá apoio logístico da Nasa, deverá inicialmente levar apenas um conjunto de instrumentos científicos para o planeta vermelho. Para Elon Musk, magnata dono da SpaceX, trata-se do primeiro passo para estabelecer uma colônia humana em Marte nas próximas décadas.

Musk não é o único bilionário a fazer apostas estratosféricas. Jeff Bezos, fundador da Amazon, Richard Branson, dono do grupo Virgin, e Yuri Milner, empresário e investidor na área de tecnologia, também vão nessa direção.

Não se sabe com que dose de exagero, esses e outros empreendedores têm proposto novas possibilidades de perscrutar o cosmo, como o turismo espacial, o estabelecimento de bases na Lua e em outros planetas e a exploração mineral de corpos celestes.

Emergem daí questões sobre como regular tais iniciativas. Os tratados e acordos internacionais sobre o espaço datam da época em que EUA e a então União Soviética dominavam o setor.

O mais importante deles, assinado em 1967, estabelece que nenhum país pode reivindicar soberania sobre a Lua ou qualquer outro astro. Nada se fala acerca de exploração comercial e propriedade privada –uma discussão que pode parecer remota, mas nações já vêm agindo para garantir alguma segurança jurídica para suas empresas.

Nos EUA, Barack Obama sancionou, no fim de 2015, uma lei que reconhece o direito à propriedade, por cidadãos e entidades americanas, de recursos naturais obtidos de asteroides. Luxemburgo e Reino Unido ensaiam movimento semelhante. Pelo visto, começou a nova era da corrida espacial.

editoriais@uol.com.br


Endereço da página:

Links no texto: