Folha de S. Paulo


MARIA HELENA GIMENES

O falso golpe

Esta Folha abre este espaço para um direito de resposta há muito solicitado por mim, por intermédio de meus advogados.

Desde a publicação da reportagem "Falsa vidente é investigada por golpe de R$ 50 milhões em megaempresário" ("Cotidiano", 31/10), minha reputação sofre imenso dano.

A narrativa sensacionalista foi inclusive reproduzida em sites portugueses, país onde vivi parte de minha vida. Fui transformada em protagonista de uma trama pretensamente verossímil que tem, de fato, dois únicos atores que importam: Emídio Mendes e Ivani Lucas.

Este último emprestou ao primeiro R$ 14,2 milhões, em 2010, para pagamento de dívidas. Mendes hoje se nega a restituir o valor.

Por ser próxima a Mendes no passado, intermediei essa relação comercial e acabei vítima dessa história e dos fatos daí derivados. O suposto "golpe de R$ 50 milhões" é a falácia decorrente dessa reportagem, que colocou no título um número que o texto não explicita como quantificou.

A Folha alega não ter citado Lucas por "não se tratar do tema principal da matéria" e, ainda, que Mendes diz ser ele um "laranja" meu.

Ora, tomou-se como verdade a palavra do empresário, ignorando o fato de que Lucas obteve na Justiça o bloqueio das contas e imóveis de Mendes e de suas empresas, em face da confissão de dívida firmada em 2010, da ratificação dela em 2014 e de o empresário descumprir as obrigações assumidas.

Foi este homem, Lucas, prejudicado pelo denunciante, que o jornal ignorou, sem sequer investigar mais a fundo sua história. Isso não é fazer julgamento?

Nunca me declarei vidente, como alardeia a reportagem. As acusações usadas por Mendes para me desqualificar são fruto de distorções de fatos, com o único propósito de transformar o empresário, de devedor, em vítima.

Não sou "portadora" de identidades falsas. Essa questão é objeto de inquérito policial que tramita na Polícia Federal, onde depoimentos já comprovaram que tais documentos não foram produzidos por mim e que eu nunca os utilizei.

O inquérito já havia sido inclusive arquivado, mas foi retomado após nova denúncia anônima.

Ali já se demonstrou que tanto aquelas identidades quanto as denúncias formuladas são responsabilidade de meu ex-marido, que também seria o autor de gravações que a Folha diz ter em seu poder, nas quais ele me acusa de dar 'golpes em empresários".

Meu ex-marido virou "fonte" e o repórter não teve o cuidado sequer de saber por que me acusa.

A Folha buscou os advogados dos personagens em questão, mas, inaceitavelmente, com foco mal direcionado e nos endereços errados.

Contatou o escritório Yarshell e Camargo Advogados para obter informações sobre mim, quando quem trata de minha defesa é o escritório Carnelós e Garcia.

Aquele primeiro cuida, na área civil, da defesa de Ivani Lucas, que foi lesado pelo assim qualificado "megaempresário".

E, inaceitavelmente, a Folha chegou a um terceiro profissional, quando uma simples busca no inquérito na PF permitiria saber que o advogado criminalista que consta nos autos como meu defensor é Eduardo Carnelós. Infelizmente, esta Folha transformou em notícia o que nunca poderia ter passado de fofoca interesseira.

MARIA HELENA GIMENES, 61, é empresária

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