Folha de S. Paulo


Ana Paula Zacarias e Alda Vanaga

Será 2015 o ano do clima?

A mudança climática é um dos maiores desafios do século 21, com riscos para o bem-estar, a prosperidade e a segurança internacionais. Os impactos sentem-se em todo o mundo, afetando vidas e economias: degelo das calotas polares, com aumento do nível dos oceanos, alteração do regime das chuvas provocando desertificação, inundações e fenómenos meteorológicos extremos e a alteração de ecossistemas.

As oportunidades económicas e de negócios para uma transição para um futuro de baixo carbono são, porém, significativas. Um investimento no desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono, resiliente às mudanças climáticas, pode gerar emprego e crescimento e reduzir os custos de longo prazo associados à redução das emissões e adaptação às alterações climáticas.

A iniciativa internacional "Comissão Global em Economia e Clima", com o seu projeto "Nova Economia Climática", fornece evidências sobre as relações entre as ações que podem reforçar o desempenho económico e aquelas que reduzem o risco de alterações climáticas.

O ano de 2015 é decisivo para o clima, já que a comunidade internacional se prepara para adotar um novo acordo climático global em Paris, no mês de dezembro, na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a COP 21.

É necessário limitar o aumento da temperatura global abaixo dos 2°C e, para isso, é essencial garantir um acordo justo mas também ambicioso e juridicamente vinculante.

Todos os países devem apresentar as suas contribuições para a redução de emissões de gases de efeito estufa com bastante antecedência da Conferência de Paris para que possamos projetar e chegar a um acordo robusto, dinâmico e eficaz.

Esse acordo deve responder à realidade de hoje e estar apto para o futuro. É necessário que as contribuições nacionais associadas ao regime pós-2020 evoluam para lá da velha divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

As contribuições individuais dos países precisam ser ambiciosas, tomando evidentemente em consideração as respectivas responsabilidades e as possíveis capacidades de cada parte, mas que reflita também a evolução das realidades de cada um. Os esforços e a ambição por parte dos países do G20, do qual a União Europeia e o Brasil fazem parte, que respondem por 75% das emissões globais, serão decisivos.

A União Europeia foi a primeira grande economia a apresentar a sua contribuição, com uma redução de pelo menos 40% nas emissões até ao ano de 2030 em comparação com o de 1990. Outros países se seguiram como EUA, Rússia e México, bem como Noruega, Liechtenstein, Gabão, Suíça e Andorra.

O Acordo de Paris deve atender aos desafios decorrentes das alterações climáticas. Precisamos apoiar os países mais vulneráveis e os que possuem menos meios para lidar com as consequências negativas das alterações e aumentar a cooperação internacional na área de adaptação.

A União Europeia está plenamente empenhada em fazer a sua parte e conta com seus parceiros internacionais para chegar a uma conclusão bem-sucedida em Paris.

Esta é uma oportunidade histórica que nós não podemos nos dar ao luxo de perder.

ANA PAULA ZACARIAS é embaixadora da União Europeia no Brasil. Foi embaixadora de Portugal na Estônia (2005-2009) e vice-chefe da representação de Portugal na União Europeia (2009)
ALDA VANAGA é embaixadora da Letônia em Portugal

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