Folha de S. Paulo


Edmundo Klotz : A indústria da alimentação brasileira em 2014

Motivado principalmente pelo ambiente político aquecido, o ano de 2014 foi marcado por incertezas em diferentes setores, cenário este que não foi diferente para a indústria, de modo geral, e para a indústria de alimentos, especificamente.

Por ter uma interação forte com a agricultura, fonte de sua principal matéria-prima, a indústria da alimentação continua competitiva no mercado interno. Entretanto, o País ainda está atrasado nas grandes reformas tributárias - o alimento brasileiro tem uma das maiores taxações mundiais, podendo atingir até 35%, em grande parte dos casos.

A indústria da alimentação brasileira ainda é responsável por segurar atualmente a balança comercial do país. Até o mês de novembro, o acumulado dos doze últimos meses totalizou US$ 41,1 bilhões de exportação de alimentos processados e apenas US$ 5,9 bilhões de importações, alcançando um saldo setorial positivo de US$ 35,2 bilhões para a balança comercial brasileira, que no mesmo período está deficitária em US$ 1,6 bilhão.

Apesar da crise do baixo crescimento econômico do país nesse ano, o faturamento da indústria da alimentação em 2014 pode atingir R$ 525,3 bilhões, respondendo por aproximadamente 9,5% do PIB nacional.

Em 2014 a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) manteve seu compromisso com a oferta de produtos de qualidade, com a informação e a saúde do consumidor brasileiro. Mesmo sendo responsável por apenas 23,8% do sódio consumido pelos brasileiros (contra 76,2% do sal adicionado diretamente pelos consumidores), a Abia firmou com o Ministério da Saúde 4 (quatro) acordos cujas metas viabilizarão a retirada do mercado de aproximadamente 28 mil toneladas de sódio. O balanço, considerando apenas o primeiro termo de compromisso firmado, indica a retirada de 1,3 mil toneladas de sódio dos alimentos industrializados já em 2013.

No escopo do Acordo de Cooperação Técnica firmado em 29 de novembro de 2007, entre Abia e governo federal, por intermédio do Ministério da Saúde, com a finalidade de construir um Plano Nacional de Vida Saudável, abrangendo aspectos de alimentação saudável, atividade física e educação nutricional, já foram retiradas aproximadamente 230 mil (duzentas e trinta mil) toneladas de gorduras trans das prateleiras dos supermercados.

Os alinhamentos dos termos do compromisso para a redução do açúcar também estão em andamento, e 2015 será o ano de implementar esse novo compromisso com a população. Ainda que, a indústria da alimentação responda por aproximadamente 30% do total do açúcar consumido anualmente no Brasil.

Nosso país é reconhecido como potência no ranking mundial da produção de alimentos e a economia dá sinais de certo otimismo, com a leve recuperação do PIB no 3º trimestre, somada à boa receptividade dos anúncios dos novos integrantes da equipe ministerial.

Esperamos que os desafios de 2015 se transformem em grandes resultados para o setor de alimentos e toda a indústria brasileira.

EDMUNDO KLOTZ é presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação - Abia

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