Prestes a iniciar seu novo mandato como governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou na quarta-feira (17) a substituição de Fernando Grella por Alexandre de Moraes no comando da Secretaria da Segurança Pública.
Tendo assumido o posto há dois anos, em meio a uma escalada de assassinatos na região metropolitana de São Paulo, Grella domesticou o índice de homicídios, impedindo que extrapolasse o nível minimamente aceitável que o Estado ostenta desde a década passada.
Viu, porém, sua gestão ser atingida pela inaceitável sequência de 17 meses seguidos de alta nos roubos. Deixa a função sem nem ter conseguido oferecer explicação convincente para o fenômeno.
Ao menos nesse aspecto, seu sucessor se distingue. Pregando uma adaptação da polícia, Alexandre de Moraes arrisca uma hipótese: "A partir do momento em que se colocam 30 milhões de pessoas na classe média, elas começam a consumir mais e viram alvo potencial de crimes contra o patrimônio".
O futuro secretário conclui o raciocínio dizendo que o policiamento ostensivo não pode se concentrar nos bairros abastados, já que "o patrimônio está muito mais difuso".
Resta saber como fará isso, dada a diminuição do contingente que comandará. Na comparação com 2005, o Estado perdeu 3.000 homens de seu efetivo policial.
Também é necessário aprimorar a investigação; estima-se que só 2% dos delitos contra patrimônio sejam solucionados em São Paulo.
Além disso, Moraes precisará harmonizar as relações da secretaria com ambas as polícias, civil e militar, bem como melhorar o próprio relacionamento entre elas.
Não será tarefa fácil, talvez dificultada pelas próprias diferenças existentes entre ele e o novo secretário de Governo, Saulo de Castro, que terá papel destacado no segundo mandato de Alckmin e já ocupou a Secretaria da Segurança.
Somando-se ainda o combate ao crime organizado, chega-se a uma lista de desafios há muito conhecida. Alexandre de Moraes não é nenhum novato na administração paulista; espera-se que isso não o impeça de trazer soluções novas para velhos problemas.