Folha de S. Paulo


Fernanda Godoy: O verão da superbactéria

RIO DE JANEIRO - A estação mais desejada pelos cariocas começa em três dias, sob um signo nada animador: a presença da superbactéria KPC em praias da zona sul.

O Rio já teve o verão da lata, o verão das dunas, o verão da tanguinha do Gabeira, o do Circo Voador no Arpoador e tantos outros memoráveis.

Desta vez, abrimos a temporada tendo como assunto a bactéria resistente a antibióticos que as águas poluídas do rio Carioca levaram às praias do Flamengo e de Botafogo, ambas na Baía da Guanabara.

Os técnicos do Inea (Instituto Estadual de Meio Ambiente) ainda não analisaram a presença da bactéria nas praias mais frequentadas, como Copacabana e Ipanema.

Entrando o ano de 2015, quando os Jogos Olímpicos parecem vertiginosamente próximos, a superbactéria é também um lembrete incômodo da péssima situação ambiental de alguns locais de competições, como a Baía da Guanabara (vela) e a lagoa Rodrigo de Freitas (remo).

A presença da superbactéria foi detectada nas imediações de uma das cinco raias demarcadas na baía para as competições de vela. O Comitê Rio 2016 afirmou que não haverá alteração nos locais dos eventos-teste em 2015.

No caso da poluição da Baía da Guanabara, as autoridades já parecem ter jogado a toalha. Sabem que não chegaremos aos Jogos em condições decentes. Deixam aos velejadores, a campeões olímpicos como o treinador da equipe brasileira, Torben Grael, o incômodo de ciceronear seus concorrentes estrangeiros entre sofás, pneus e bactérias que flutuam na baía.

Agora, além de prevenirem os colegas sobre os riscos de assalto no Parque do Flamengo, também devem prepará-los para evitar a contaminação pela superbactéria.

Para sorte do Comitê Rio 2016, atletas costumam ter o sistema imunológico em forma. Melhor para todos.


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