Folha de S. Paulo


Minhocão deve ser desativado e demolido? Não

CORONEL TELHADA: PARQUE SERIA ÚTIL PARA TODA A CIDADE

Um site se propôs a listar coisas que nenhum paulistano falaria e uma das falas era: "Um Minhocão só é pouco, deveria ter cinco". Eu conheço inúmeras pessoas que pensam dessa forma e entendo que em parte eles estão com razão.

Nosso sistema viário não foi planejado da melhor forma possível e não comporta o número de veículos que circulam todos os dias na cidade. O transporte público também possui falhas que impedem seu pleno funcionamento, e não podemos esquecer das pessoas que pelos mais variados motivos necessitam exclusivamente do automóvel como único meio de transporte.

O Minhocão traz problemas para quem mora em volta dele? Sim e não. Conheço pessoas que se mudaram para perto do elevado justamente pela facilidade que ele fornece para trafegar entre as zonas leste e oeste. As pessoas que hoje moram naquela região já fizeram essa escolha sabendo que estariam ao lado de um local com forte movimentação de veículos e barulho.

Mas sou da época em que não existia o Minhocão. A cidade, de fato, era mais aprazível sem vias elevadas. Entretanto, neste momento, o Minhocão é necessário. Sua desativação só será possível após estudos viabilizarem uma alternativa viária, seja uma via expressa sob os trilhos da CPTM ou quem sabe um túnel abaixo de onde está atualmente o elevado Costa e Silva.

Digamos que tudo funcione corretamente e que se encontre uma alternativa viária para o trânsito e que as obras ocorram sem falir o município e com aprovação do Tribunal de Contas. Caso isso ocorra, o que fazer com sua estrutura?

Tenho um filho que reside perto do elevado e que passeia com minha nora no Minhocão aos domingos, quando o lazer ganha espaço e os pedestres ocupam a via. Uma atividade prazerosa e que tenho certeza que futuramente será bem aproveitada pela minha neta, que acaba de nascer.

Por esse motivo, sou favorável que, se atendidas as condições citadas anteriormente, o Minhocão se torne um parque suspenso. Somente derrubar a estrutura causaria inúmeros transtornos para a população e custaria uma pequena fortuna ao município.

O parque seria útil para toda a cidade, inclusive para os ciclistas, que poderiam ganhar uma ciclovia no local, sem dúvida seria uma faixa bem mais acertada e apropriada do que as que estão invadindo nossa cidade sem o planejamento apropriado.

No caso de o parque Minhocão virar uma realidade, caberá ao município (por meio da Guarda Civil Metropolitana), com o apoio do Estado (por meio da Polícia Militar) garantir uma fiscalização rígida e um intenso patrulhamento, para garantir que o local não vire mais uma opção para pessoas se drogarem ou se prostituírem, ou ainda um shopping de ambulantes irregulares.

Sou a favor do meio ambiente, tanto que fui coautor do projeto que cria o parque Augusta, mas tendo a pensar sempre na segurança pública, que é a minha principal área de atuação, e porque não podemos simplesmente criar mais um parque sem planejar uma iluminação adequada, câmeras de segurança, dentre outros fatores essenciais para um bom funcionamento.

Encerro com três perguntas: se o parque virar realidade, permitirão que a história do local seja mantida e ele se chame "Parque Minhocão "" Presidente Costa e Silva"? Não seria sua nomenclatura o real motivo para quererem derrubar o Minhocão? Estariam querendo acabar com nossa história e tirar qualquer nome de logradouro que lembre o período do governo militar?

Algo para pensarmos sobre o que está por trás dessas iniciativas.

PAULO ADRIANO L. L. TELHADA, o Coronel Telhada, 53, ex-comandante da Rota, unidade de elite da Polícia Militar de SP, é vereador em São Paulo pelo PSDB, vice-presidente da Comissão de Trânsito da Câmara Municipal e deputado estadual eleito

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