Folha de S. Paulo


Rogerio Hamam: A experiência de São Paulo na superação da pobreza

Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União neste ano sobre os programas da assistência social do governo federal apontou defasagem nos valores que qualificam os pobres e os extremamente pobres no país.

O levantamento indica que o valor pago pelo programa federal para os extremamente pobres deveria estar em R$ 100,00 e, para os de pobreza moderada, em R$ 200,00.

O governo do Estado de São Paulo entende que para superar a pobreza e não apenas fazer sua gestão é preciso buscar outros indicadores que mensurem com mais fidedignidade e abrangência esses índices.

Desde 2011, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social criou o Programa São Paulo Solidário que tem como principal missão superar a pobreza no Estado.

Nesse mês, a segunda fase do Programa São Paulo Solidário foi finalizada com a entrega dos Retratos Sociais que abrangem 441 municípios paulistas e 19 das 26 Diretorias Regionais do Estado. Na primeira fase foram coletadas informações de 97 cidades com o menor Índice de Desenvolvimento Humano.

A Busca Ativa (primeira fase do programa) e os Retratos Sociais apontam quem são, onde moram e como vivem essas famílias que precisam de atenção urgente. Posteriormente, parte-se para a construção da Agenda da Família Paulista, por meio da qual as famílias contribuem para identificar os caminhos para superação da extrema pobreza.

A Agenda é uma proposta de trabalho participativa, intersetorial e emancipatória. Trata-se de um compromisso assumido pelas famílias que, com o apoio do poder público, deverão se empenhar para superar suas principais privações e favorecer a mobilidade social.

Esses dois instrumentos indicam as políticas públicas necessárias para que o governo estadual e os governos municipais direcionem seus esforços e suas ações para que nenhuma família seja deixada para trás.

Essas 441 cidades mapeadas, segundo o Censo de 2010, possuem população estimada em quase 13 milhões de habitantes que vivem em mais de 4 milhões de domicílios. Cerca de 800 mil famílias foram visitadas e convidadas a responder ao questionário elaborado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da ONU, resultando exatamente nesses Retratos Sociais.

Desse montante, mais de 7 mil famílias vivem em situação de pobreza multidimensional; outras 19 mil estão fora dos cadastros sociais e com perfil para serem beneficiadas por programas como o Renda Cidadã, o Bolsa Família e o Ação Jovem, por exemplo.

Na primeira fase, quando mapeamos os 97 municípios com menor IDH do Estado, encontramos 8 mil famílias invisíveis, de um total de 200 mil casas visitadas, totalizando 27 mil famílias que eram desconhecidas das políticas sociais, o maior legado da Busca Ativa realizada no Estado.

A terceira fase do programa, que acontecerá em 2015, fará o mapeamento de 107 municípios localizados nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada e Capital, com previsão de visitas de 856 mil famílias.

Com esse diagnóstico em mãos e com o apoio das prefeituras, vamos discutir os índices de pobreza e as privações sociais para encontrar as melhores soluções em diversas áreas. Essa etapa, chamada de Compromisso Paulista, garante uma série de serviços, ações e aporte de recursos para alcançar a real mobilidade social das famílias já identificadas no Programa.

Com isso, Estado e municípios atuam juntos no propósito maior do Programa São Paulo Solidário que é a superação da extrema pobreza.

ROGERIO HAMAM, 43, é Secretário de Estado de Desenvolvimento Social

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