Folha de S. Paulo


Diogo Portugal: Stand-up comedy é a arte de observar o cotidiano

O comediante Diogo Portugal, pioneiro do stand-up comedy no Brasil, afirma que o gênero é "simples como a crônica. É uma arte da observação".

Ele encoraja os candidatos do concurso Folha de stand-up: "Não é preciso ser um grande ator -basta ser um cara bem informado, um jornalista talvez, e ter uma maneira original de observar o cotidiano".

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Diogo Portugal começou a fazer comédia em meados dos anos 1990, quando poucos se arriscavam no stand-up comedy, o humor "de cara limpa", como classifica. Em 1996 ficou entre os finalistas do Prêmio Multishow do Bom Humor Brasileiro, concurso que revelou, além dele, as atrizes Cláudia Rodrigues e Heloisa Périssé.

De lá pra cá, Diogo se tornou um dos comediantes brasileiros mais populares na internet, apresentou-se nos principais programas da televisão e, antes competidor, hoje organiza um dos maiores festivais de humor do Brasil, o Risorama, que acontece anualmente em Curitiba no final do mês de março.

Filipe Redondo-25.fev.2010/Folhapress
Comediante Diogo Portugal
O comediante Diogo Portugal disse que basta ser bem informado para fazer stand-up

O Risorama começou "despretensioso" em 2003, conta Diogo, e, ao lado da Terça Insana, espetáculo de humor que teve início em São Paulo em 2001, foi um dos responsáveis pela grande exposição do stand-up no Brasil.

Diogo conversou com a Folha sobre a evolução do stand-up no Brasil. Acompanhe:

Primeiros anos - "No início do Risorama, misturávamos um monte de estilos. Mas já no segundo ano foi surgindo a tendência para um humor mais autoral, que não ficasse apenas em contar piadas. Foi aí que o stand-up, a comédia 'de cara limpa' tomou conta e acabou 'dominando' o cenário do humor".

Novatos - "Meu papel é igual ao de um olheiro de futebol. Tento sempre levar gente nova para o Risorama, lançar tendências, descobrir quem são os caras que vão dar o que falar em um, dois anos. O talento de alguns é tão claro que, quando os vejo na internet ou em apresentações em bares, já convido na hora".

Estilo - "O stand-up é um humor contemporâneo, que qualquer um pode fazer. Não é preciso ser um grande ator -basta ser um cara bem informado, um jornalista talvez, e ter uma maneira original de observar o cotidiano. O stand-up é simples, e, como a crônica, é uma arte da observação".

Risorama - "Hoje participam cerca de 40 comediantes por ano, divididos em sete dias. Gosto de sempre convidar umas 'bolinhas da vez', figuras conhecidas como o Fábio Porchat e o Bruno Mazzeo, que chamam público e são sucesso garantido. Mas sempre tem lugar para gente nova: o Fábio e o Bruno, aliás, quando participaram nas primeiras edições, não eram conhecidos. Mas eles faziam um humor conceitual, apostamos neles e deu certo".

Line-up - "Geralmente, também, tenho uma estratégia para o organizar o 'line up'; costumo deixar a apresentação do Fábio por último, porque ele é um cara muito explosivo. Todo ano ele reclama, mas isso é um elogio, claro. Ele sempre consegue acender a platéia".

Subjetivo - "Às vezes você acredita muito em um show e o público não aprova. Mas mesmo se um humorista não vai bem em um ano, pode ir bem no ano seguinte. Afinal, o humor é muito subjetivo, é difícil julgá-lo".


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