Folha de S. Paulo


Carlos Oliveira: Marcas profundas da intolerância

Diz-se que um dos melhores meios de conhecer usos e costumes de uma sociedade é analisar o lixo que ela produz. Pois há um novo tipo de detrito que serve perfeitamente para avaliar como a intolerância grassa em nosso tempo: o esgoto que corre pela internet.

Cotidianamente, indivíduos irresponsáveis difamam de modo anônimo membros da Universal, bem como de tantos outros segmentos, veiculando falsas informações que de nada servem, a não ser produzir fétido chorume do preconceito e da intolerância. Será que esse pútrido fedor do preconceito e da intolerância é inalado e considerado como agradável fragrância por alguém?

Na verdade, o maior problema nem está na publicação original das mentiras, que o Poder Judiciário sempre pode reparar condenando os autores, mas naquilo que temos como consequência. Blogs e redes sociais reproduzem, repercutem e ampliam impiedosamente as tais "notícias".

Piadas de péssimo gosto --que os bons modos impedem de reproduzir-- são publicadas em portais de grande audiência e propagam-se pelo Twitter e pelo Facebook. Impunemente, divulgam as mentiras e fazem chacota da Universal, de seus membros e da fé que nos é garantida constitucionalmente.

Apenas no Brasil, a Universal tem mais de 6 milhões de membros praticantes, que se somam a outros tantos espalhados em cerca de 200 países, por todos os cinco continentes do planeta. Tamanho protagonismo alcançado em apenas 35 anos de existência pode explicar o imenso incômodo que, parece, geramos e que se traduz em ataques que afloram sempre que algo sobre nossa igreja ou a respeito de um de nossos membros é publicado.

Mas como falar em preconceito religioso, se o Brasil é um autoproclamado país aberto a todas as culturas, de um povo forjado no banho-maria da cordialidade e da tolerância? Pois essas afirmações sustentam-se em dogmas tão confortáveis quanto falsos, como aquele que, em nome de uma alegada convivência pacífica, defende que não discutamos "futebol, política e religião".

Assim, além de pregar descaradamente a total alienação da vida política, tal regra de etiqueta abre um fosso de hipocrisia que separa o real e necessário debate sobre a ausência da liberdade de culto no Brasil dos atos de intolerância a que somos submetidos cotidianamente.

Por que não posso afirmar que tenho preferência por meu time de coração, que pode não ser o seu, ou que me identifico mais com uma ideologia partidária, ou com minha religião de fé? A ausência de discussão franca e às claras empurra a Universal, as denominações evangélicas e outras religiões minoritárias para o circo armado por oportunistas que semeiam o preconceito e a ignorância contra nós.

Vamos retirar o monopólio do debate religioso desses irresponsáveis e inconsequentes preconceituosos que hoje se reproduzem na internet. Quer saber mais sobre a Universal? Não tenha medo. Procure qualquer um dos nossos milhões de membros. Asseguro que a conversa será inesquecível, esclarecedora e reveladora sobre o porquê de essa gente, mesmo enfrentando tantas hostilidades, ter coragem e prazer em afirmar: "Eu sou a Universal".

CARLOS OLIVEIRA, 47, bispo evangélico, é responsável pelas relações institucionais da Igreja Universal do Reino de Deus

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