Folha de S. Paulo


Jalal Jamal Chaya e Wathiq Hindo: Iraque, terra de oportunidades

Há dez anos, o Iraque passou por uma mudança radical: a troca de regime motivada pela invasão de seu território por tropas estrangeiras. Ninguém deseja a presença de soldados de outro país e muito menos a guerra, que traz em seu rastro morte, destruição e miséria.

Mas o Iraque que surgiu então redescobriu suas características mais fundamentais: um país berço da humanidade, sede de um dos mais antigos códigos de Direito do mundo e a pátria dos que professam a paz e comungam com a fraternidade.

Paulo Daniel Farah: O Iraque não cede à desesperança

O Iraque tem características muito peculiares. A população é de 30 milhões de habitantes, com elevada escolaridade, e tem à sua disposição uma das três maiores reservas de petróleo do mundo.

O PIB é de US$ 157 bilhões, o que significa uma boa capacidade de financiar investimentos, entre eles o do restabelecimento da iniciativa privada, sucateada e praticamente extinta nos anos anteriores a 2003.

Há uma carência geral de produtos, o que explica as importações anuais de US$ 36 bilhões. O Brasil ainda é um parceiro pequeno, com exportações de US$ 579 milhões em 2012 e US$ 781 milhões em 2011.

A queda foi causada por um realinhamento mundial de preços, motivado pela queda de poder aquisitivo nas economias do hemisfério norte. Ou seja, a boa e bem conhecida lei da oferta e da procura. Nada contra o produto brasileiro, até porque se há uma assinatura que atrai muito o consumidor iraquiano é a "made in Brazil".

O Brasil tem contribuído muito para o processo de paz no Iraque, mantendo e ampliando um já conhecido e tradicional relacionamento comercial. Os produtos brasileiros estão presentes na vida cotidiana do povo iraquiano. Do frango, carne, peixe e café, passando por medicamentos, autopeças, motores e incubadoras de bebê. Sim, o Brasil participa até do momento mais frágil da vida dos novos iraquianos.

Em contrapartida, há um leque variado de oportunidades de negócios. As exportações de alimentos não se esgotam, porque a produção de alimentos no Iraque é insuficiente. O país tem abastecido as prateleiras dos supermercados com produtos importados e o Brasil tem a grande vantagem de ter uma excelente imagem perante o consumidor iraquiano.

No campo da construção, o governo iraquiano estima que, em 2015, a população do país poderá ser de 35 milhões de habitantes. Isso significa a necessidade de construir aproximadamente 1,9 milhão de habitações, além de fornecer toda sorte de material de acabamento --duas habilidades desenvolvidas pelas empresas de construção civil do Brasil.

Na área da saúde, há também obras para instalação de hospitais e centros de saúde, com seus respectivos equipamentos e medicamentos.

No segmento de turismo, o Iraque tem duas vertentes bastante significativas: a histórica e a religiosa. Detentor de um patrimônio histórico invejável e sede de dois dos três maiores destinos religiosos do mundo muçulmano --Karbala e Najaf--, o país carece de infraestrutura para dar hospedagem tanto àqueles que buscam conhecer a história da humanidade quanto aos peregrinos que procuram viver um momento de elevação espiritual.

Temos nos brasileiros parceiros que contribuem para a pacificação e normalização da vida cotidiana. E queremos que essa relação se fortaleça cada vez mais.

JALAL JAMAL CHAYA, 49, é vice-presidente da Câmara Brasil Iraque e WATHIQ HINDO, 55, é diretor da Câmara Brasil Iraque em Bagdá

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