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EUA vetam resolução na ONU contra decisão de Trump sobre Jerusalém

Brendan McDermid/Reuters
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, em reunião do Conselho de Segurança
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, em reunião do Conselho de Segurança

Os EUA viram seu isolamento aumentar nesta segunda-feira (18) sobre a decisão do presidente Donald Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, ao bloquear uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que pedia que a declaração fosse retirada.

Os demais 14 membros do conselho votaram a favor da resolução, redigida pelo Egito. O texto não citava especificamente os EUA ou Trump, mas expressava "profundo desgosto por recentes decisões sobre o status de Jerusalém".

Após o veto americano, a Autoridade Nacional Palestina afirmou que irá pedir uma reunião emergencial da Assembleia Geral da ONU sobre a questão.

"O que testemunhamos aqui no Conselho de Segurança é um insulto. Não será esquecido", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, após a votação.

Trata-se do primeiro veto emitido pelos EUA no conselho em mais de seis anos, disse ela.

"Fazemos isso com nenhuma alegria, mas também nenhuma relutância", afirmou Haley. "O fato de que este veto está sendo feito em defesa da soberania americana e em defesa do papel da América no processo de paz do Oriente Médio não é motivo de vergonha para nós; deveria ser uma vergonha para o resto do Conselho de Segurança."

A resolução afirmava que "quaisquer decisões e ações que sugerem haver mudado o caráter, o status ou a composição demográfica da Cidade Sagrada de Jerusalém não tem efeito legal, são nulas e vazias e devem ser rescindidas em cumprimento às resoluções relevantes do Conselho de Segurança".

"Na sequência da decisão dos EUA, a situação se tornou mais tensa com um aumento nos incidentes, notavelmente foguetes disparados de Gaza e confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses", disse o enviado especial da ONU para a paz do Oriente Médio, Nickolay Mladenov, antes da votação.

Trump também pretende transferir a Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém.

O texto também pedia que os demais países evitassem estabelecer suas missões diplomáticas em Jerusalém.

"Os EUA tem o direito soberano de determinar onde e se queremos estabelecer uma embaixada", afirmou Haley. "Suspeito que muito poucos Estados-membros dariam as boas-vindas a pronunciamentos do Conselho de Segurança sobre suas decisões soberanas."

ASSEMBLEIA

"Vamos nos mover dentro de 48 horas para pedir uma reunião emergencial da Assembleia Geral", afirmou o chanceler palestino, Riyad al-Maliki, em Ramallah, após o veto americano.

Segundo ele, a comunidade internacional deveria declarar a decisão de Trump "inválida".

Atualmente sob soberania de Israel, Jerusalém é disputada por israelenses e palestinos e é um dos principais pontos que impedem um acordo de paz entre ambas as partes.


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