Folha de S. Paulo


Após recontagem, tribunal confirma reeleição de presidente de Honduras

O atual presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández foi reeleito para mais quatro anos de mandato, anunciou neste domingo (17) o tribunal eleitoral, em meio a denúncias de fraudes feitas pela oposição.

Em resposta, apoiadores do candidato derrotado, o apresentador de TV Salvador Nasralla, fizeram um protesto na capital Tegucigalpa que terminou em confronto com a polícia.

Segundo os resultados oficiais, o conservador Hernández venceu a eleição de 26 de novembro com uma vantagem de 1,53 ponto percentual sobre Nasralla, de centro-esquerda.

David Matamoros, presidente do tribunal, disse em discurso transmitido pela TV que todas as denúncias foram apuradas e que foi feita a recontagem de votos em algumas regiões. Segundo ele, o resultado final mostra que Hernández é o "presidente eleito da República de Honduras".

23.nov.2017/AFP
O presidente Juan Orlando Hernández cumprimenta soldado em visita a Santa Barbara, a 220 km de Tegucigalpa
O presidente Juan Orlando Hernández cumprimenta soldado em visita a Santa Barbara

Logo após o anúncio, Nasralla disse em um vídeo que houve fraude "antes, durante e depois" das eleições e afirmou que a decisão do tribunal foi uma "ação desesperada" para ajudar Hernández.

O líder da oposição disse ainda que vai viajar para Washington para se encontrar com representantes do Departamento de Estado americano —o governo dos EUA apoia Hernández— e da OEA (Organização dos Estados Americanos).

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, criticou a decisão do tribunal, disse que a eleição foi marcada por irregularidades e pediu uma nova votação.

"O povo de Honduras merece um processo eleitoral que tenha qualidade e garantias democráticas. O processo eleitoral que o tribunal concluiu hoje claramente não ofereceu isso", disse ele em nota.

A coalizão Aliança de Oposição contra a Ditadura, de Nasralla, que fez as primeiras acusações de fraude, ainda não disse quais atitudes vai tomar na sequência, mas, pouco depois da declaração da OEA, apoiadores de Nasralla começaram a protestar em Tegucigalpa, bloqueando ruas, impedindo o acesso ao principal porto do país e queimando um tribunal e um banco. A polícia respondeu com bombas de gás.

Observadores da União Europeia que estão no país disseram que a recontagem não mostrou nenhuma irregularidade.

"Após comparar uma grande amostra aleatória dos registros de voto providenciada pela Aliança [da oposição] e os registros originais disponíveis no site do tribunal, a missão observou que os resultados praticamente não apresentam diferenças, disse Jose Antonio de Gabriel, diretor-adjunto da missão europeia.

APURAÇÃO

A indefinição sobre o vencedor da eleição jogou Honduras em uma crise política, com uma série de manifestações contra o governo acontecendo pelo país.

Logo após a votação, os primeiros resultados divulgados pelo tribunal mostravam Nasralla na frente com cerca de metade das urnas apuradas.

Na sequência, porém, a contagem foi paralisada por 36 horas. Quando os números voltaram a ser atualizados, a vantagem do candidato de oposição começou a diminuir, até ele ser ultrapassado por Hernández.

Isso fez eclodir a onda de protestos nos quais 22 pessoas morreram.


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