Folha de S. Paulo


Sobreviventes de incêndio londrino querem voz na investigação

Um grupo de sobreviventes e familiares de vítimas do incêndio de Grenfell lançou neste mês uma petição exigindo uma participação mais ativa na investigação sobre a tragédia que completa seis meses nesta semana.

A petição cobra do governo da primeira-ministra conservadora Theresa May que aceite um painel indicado pelos sobreviventes como parte do grupo que investiga o caso a fim de garantir credibilidade à investigação.

Criada pelo governo, a Grenfell Tower Inquiry (GTI) é uma investigação de caráter independente dirigida pelo juiz aposentado Sir Martin Moore-Bick. O trabalho para descobrir as causas do incêndio e avaliar o resgate dos moradores teve início no dia 14 de setembro.

O GTI divulgou um relatório com nove páginas detalhando tudo o que vai ser analisado no processo. O objetivo da investigação é avaliar desde a construção do prédio, que data dos anos 1970, até o tipo de material utilizado na obra, modificações feitas na torre ao longo dos anos (mesmo no interior dos apartamentos), o uso de material inflamável e as estruturas de segurança e combate a incêndio do prédio.

REVESTIMENTO

Logo após a tragédia, a polícia e os bombeiros disseram acreditar que o fogo tenha começado em um refrigerador no quarto andar do prédio.

Existe ainda a suspeita de que o material usado no revestimento do edifício tenha acelerado a propagação do fogo. Até o momento, entretanto, não foram divulgadas informações sobre o avanço dessa investigação.

Após contato da Folha, o GTI alegou ainda não estar aberto a entrevistas.

O incêndio deixou um total de 71 mortos, de acordo com um relatório da polícia divulgado em novembro, cinco meses após a tragédia.

MORADIAS

Seis meses depois do incêndio, 166 famílias que viviam no edifício de 24 andares que ficou completamente destruído continuam vivendo de forma improvisada.

O levantamento foi divulgado pelo grupo Grenfell United, que defende os interesses das famílias que moravam no prédio no bairro de Kensington e Chelsea.

"Estamos falando de famílias que passaram por eventos traumáticos e que perderam quase tudo, presas em quartos de hotel e acomodações improvisadas. Ninguém pode sequer começar a reconstruir suas vidas até que tenham um lugar para chamar de lar", disse o diretor do Grenfell United, Shahin Sadafi, em entrevista ao jornal "The Guardian".

Até agora, apenas 42 famílias que moravam no Grenfell se mudaram para residências permanentes oferecidas pelo governo. (DANIEL BUARQUE)


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