Folha de S. Paulo


Parlamento da Austrália aprova lei que legaliza o casamento gay no país

Mick Tsikas/Associated Press
Membros do Parlamento da Austrália celebram legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo
Membros do Parlamento da Austrália celebram legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo

O Parlamento da Austrália aprovou nesta quinta-feira (6) a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país. Apenas quatro deputados votaram contra a lei.

"Que dia. Que dia para o amor, a igualdade e o respeito. É hora para mais casamentos", disse o primeiro-ministro Malcolm Turnbull, do Partido Liberal (centro-direita).

A lei já havia sido confirmada pelo Senado com ampla maioria (43 a 12) na semana passada e contava com o apoio dos dois principais partidos do país, o conservador Partido Liberal e o Trabalhista, de centro-esquerda.

A maioria da população (62%) também defendeu a medida em uma consulta popular realizada em novembro por correio.

A Austrália é o 27º país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Desde 2004, foram 22 tentativas mal-sucedidas de aprovar no Parlamento a união gay.

O governo anunciou que os casais poderão se inscrever a partir deste sábado (9), com os primeiros casamentos podendo acontecer a partir de 6 de janeiro.

A festa no Parlamento foi acompanhada de muitas lágrimas e champanhe, com a presença de celebridades gays como o nadador e campeão olímpico Ian Thorpe e a atriz Magda Szubanski, que abraçaram deputados.

Thorpe agradeceu aos "nossos irmãos e irmãs heterossexuais" pelo apoio na consulta popular. "Literalmente sem os votos deles, isso nunca teria acontecido."

"Isso significa que criamos uma Austrália que é mais igualitária, mais justa", acrescentou o campeão olímpico, que assumiu ser gay em 2014.

O ex-premiê conservador Tony Abbott criticou a medida, afirmando que Turnbull e o líder trabalhista, Bill Shorten, falharam em apresentar proteções detalhadas sobre liberdade de expressão e religião no texto da lei.

"Uma promessa foi feita pelos líderes desse Parlamento e a promessa não foi adequadamente cumprida", disse Abbott.

O ex-premiê mencionou em seu discurso o caso de um adolescente que perdeu o emprego após se manifestar contra o casamento gay em uma rede social. Abbott também citou um bispo católico que foi levado perante um tribunal estadual por causa de um panfleto no qual o clérigo exortava o casamento tradicional. A queixa contra o bispo foi depois retirada.

PEDIDO DE CASAMENTO

Na última segunda-feira (4), o Parlamento havia sido palco de um pedido de casamento. O deputado Tim Wilson, 37, foi ao microfone e pediu a mão de seu parceiro, Ryan Bolger, que estava na tribuna e prontamente aceitou.

Deputado pede parceiro em casamento

"Em meu primeiro discurso, defini nossa relação com a aliança que usamos em nossa mão esquerda", disse o deputado, emocionado.

O noivo, que estava na tribuna do público, disse sim entre aplausos dos presentes.

O casal está juntos há nove anos e os dois já usam aliança, mas a lei australiana não permitia o casamento entre eles.

Editoria de Arte/Folhapress
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