Folha de S. Paulo


Angela Merkel ganha apoio de líder conservador para retomar 'grande coalizão'

Axel Schmidt/Reuters
German Chancellor Angela Merkel attends a meeting of the CDU/CSU parliamentary group at the Bundestag in Berlin, Germany, November 20, 2017. REUTERS/Axel Schmidt ORG XMIT: PKPCDU01
A chanceler Angela Merkel, em encontro de seu grupo partidário no Parlamento, em Berlim, na segunda

O líder dos conservadores da Baviera, na Alemanha, decidiu apoiar uma aliança com os social-democratas, aumentando as chances de formação de uma nova "grande coalizão" para quebrar o impasse político na maior economia da Europa.

Nos últimos dias, uma série de negociações frustradas colocou em xeque o quarto mandato de Angela Merkel como chanceler do país. Após várias rodadas de conversas, Merkel não conseguiu formar um governo que incluísse o seu partido, CDU, a CSU, os liberais do FDP (Partido Democratas Livres) e os Verdes para chegar a uma maioria no governo.

Agora, ela recebeu um resgate político do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).

Sob intensa pressão para preservar a estabilidade e evitar novas eleições, o SPD reverteu sua posição e concordou em conversar com a chanceler, aumentando a perspectiva de uma nova grande coalizão, que governou nos últimos quatro anos, ou um governo minoritário.

"Uma aliança dos conservadores e do SPD é a melhor opção para a Alemanha —melhor do que uma coalizão com Democratas Livres e Verdes, novas eleições ou um governo minoritário", disse Horst Seehofer, líder do CSU da Baviera, partido-irmão dos conservadores de Merkel, ao jornal "Bild am Sonntag".

Com poucas opções, Merkel vê com bons olhos uma aliança com o SPD, tradicionalmente rival da CDU (União Democrata-Cristã, o partido de Merkel), mas que fez parte da coalizão governista em duas ocasiões, de 2005 e 2009 e de 2013 a 2017, em governo que era chamado de "grande coalizão".

Após o resultado das eleições há dois meses, marcada pela ascensão do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), de direita ultranacionalista, o SPD havia anunciado sua intenção de passar à oposição para se fortalecer politicamente.

Apesar do distanciamento entre o partidos, Merkel disse que as negociações com o SPD devem se desenvolver "baseadas no respeito mútuo".

ESTABILIDADE

Vários líderes europeus enfatizaram a importância de conseguir um governo alemão estável rapidamente para que o bloco possa discutir seu futuro, incluindo propostas do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre reformas da zona do euro e o "brexit", a saída britânica da União Europeia.

Merkel disse que um governo interino sob sua liderança pode negociar até formar uma nova coalizão. Ela afirmou no sábado (25) que buscaria uma grande coalizão. Uma pesquisa do Emnid mostrou beste domingo (26) que 52% dos alemães apoiam uma grande coalizão.

A ala juvenil dos conservadores de Merkel aumentou a pressão para que se faça um acordo no Natal.

"Se não houver acordo de coalizão entre os conservadores e o SPD até então, as negociações serão vistas como tendo fracassado", disse a Junge Union (União Jovem), ao "Bild am Sonntag".

O chefe do grupo disse ao jornal que os conservadores deveriam buscar um governo minoritário se eles não concordarem com um acordo com o SPD.

Merkel é contra seguir essa via por causa de sua instabilidade inerente, mas especialistas disseram que os conservadores e os verdes poderiam formar um governo minoritário com apoio informal do SPD. Os verdes disseram que estão abertos a um governo minoritário.


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