Folha de S. Paulo


Por cortes, Marinha do Brasil opera submarinos com 'mínimo necessário'

A Marinha do Brasil considera que opera seus submarinos dentro do "mínimo necessário" para garantir a segurança de operações e a continuidade do treinamento de suas tripulações.

Anos de restrição orçamentária levaram a um deficit operacional dos cinco barcos da frota. "Houve redução significativa" de dias no mar, afirmou o comandante Vladimir Lourenço, escalado para falar pela Força de Submarinos.

Ele não tinha imediatamente à mão números corroborando sua afirmação, de resto já relatada à Folha por um ex-integrante da força, mas ressaltou que "conseguimos manter o nível de segurança operacional e de adestramento".

Independentemente do que aconteceu com o submarino argentino ARA San Juan, o incidente joga luz sobre deficiências comuns a todas as Marinhas da região.

Há relatos, confirmados agora pela Marinha, sobre o impacto dos cortes de Orçamento nas operações.

Como diz o comandante Lourenço, é preciso economizar não só a estrutura do navio, cujas baterias se desgastam com a utilização, mas também combustível e todo o aparato de apoio usado quando um desses complexos barcos sai para navegar.

O Brasil tem quatro submarinos da classe Tupi, um deles feito na Alemanha e outros três sob licença no Arsenal da Marinha do Rio. Eles são do modelo IKL-209/1.400, ou Tipo-209, o mais usado no mundo todo.

Um quinto barco, o Tikuna, inaugurou classe própria, sendo maior e mais avançado que seus irmãos (ou suas irmãs, para ficar no jargão naval), mas ela foi encerrada porque o Brasil optou em 2009 por adotar o modelo francês Scorpène.

A partir do acordo binacional daquele ano, quatro barcos diesel-elétricos serão construídos no estaleiro em Itaguaí (RJ), antes da produção do modelo de propulsão nuclear nos anos 2020.

Na região, o Chile opera dois Scorpène, considerados inferiores em desempenho ao Tipo-214, a nova geração alemã, por vários especialistas.

Hoje, estão parados três dos cinco submarinos nacionais. O Tupi e o Tapajós, ambos da classe Tupi, estão com condições de navegação, mas atracados no Rio.

Outro ponto nevrálgico é o do resgate submarino. A Argentina não tem meios navais à mão para isso, tanto que depende de ajuda. O Brasil é o único país da região que, além de aviões, possui navio dedicado à missão.

O Felinto Perry, batizado em homenagem ao primeiro comandante da Frota de Submarinos (1914-15), participa da busca ao San Juan, mas não é considerado equipamento de ponta para esse tipo de trabalho.

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EQUIPAMENTOS DE EMERGÊNCIA DO SUBMARINO
ARA San Juan perdeu contato com base da Marinha argentina em 15 de novembro

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

Dois compartimentos estanques, que permitem sobrevivência por sete dias em um deles se o outro estiver comprometido

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

Escotilha de mergulho, pela qual a tripulação pode abandonar o submarino, e dois botes de emergência

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

Sistema que enche os compartimentos de lastro com ar rapidamente para que o submarino suba à superfície

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

Transmissor de localização de emergência, que ajuda nas buscas

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Cilindro que pode ser ejetado e deixa mancha de 1km de diâmetro na superfície, para ajudar na localização

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

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