Folha de S. Paulo


Crise alemã coloca reformas da UE em compasso de espera

Axel Schmidt-20.nov/Reuters
A chanceler alemã, Angela Merkel
A chanceler alemã, Angela Merkel

O colapso das conversas sobre um novo governo alemão significa que os planos ambiciosos para uma maior integração econômica da zona do euro vão ficar em compasso de espera, afirmaram autoridades europeias nesta terça (21).

As conversas para formar um governo de coalizão na Alemanha entraram em colapso na noite de domingo depois que partido liberal FDP se retirou, após quatro semanas de deliberações, levando a economia mais importante da zona do euro a uma situação de instabilidade política e aumentando o risco de convocação de novas eleições.

Uma cúpula em meados de dezembro deveria levar a zona do euro a implementar medidas para aumentar a integração econômica – e o papel da Alemanha seria crucial.

"Enquanto a Alemanha não tiver uma posição clara, ela não vai concordar em nada. Por isso, um adiamento será a opção mais provável", uma autoridade envolvida nas discussões afirmou.

A cúpula inauguraria um período de seis meses de trabalhos ao final dos quais a zona decidiria, em junho de 2018, se teria ou não um orçamento, um ministro das finanças e uma assembleia no Parlamento Europeia.

O proposta de aumentar a integração, iniciada pelo presidente francês, Emmanuel Macron e apoiada pela chanceler alemã, Angela Merkel, inclui ainda a transformação do fundo de resgate da zona do euro em um Fundo Monetário Europeu (EMF, na sigla em inglês) e a criação de um mecanismo de insolvência soberana.

"As coisas vão ficar em compasso de espera até que haja um governo alemão formal", afirmou outra autoridade.

"Nesse estágio, não vejo que passos os líderes poderiam tomar em dezembro ou em junho para aprofundar a integração da zona do euro quando há um governo alemão sem um mandato, acrescentou.

Algumas fontes disseram que um adiamento potencial nas conversas de integração não seria um grande problema porque têm a ver com a arquitetura futura do União Monetária e Econômica (EMU), agora com 19 países.

"Não há nada que faça com que novas decisões sobre o EMU sejam especialmente urgentes, então não acredito que isso seja um grande problema", disse uma fonte. "O prazo de junho sempre pode ser adiado, caso necessário."

Mas outros notaram que o timing inicial das conversas previa fazer uso da "janela de oportunidade" em 2018, quando nenhum grande país da zona do euro, exceto a Itália, ou instituições europeias, enfrentam eleições, e portanto podem centrar seus esforços nas reformas.

Se as conversas forem adiadas, decisões sobre assuntos-chave teriam de ser levadas para 2019 – ano de eleições para o Parlamento Europeu, de formação de uma nova Comissão Europeia e de escolher os novo chefe do Banco Central Europeu.

Por enquanto, a cúpula de dezembro está mantida. "Eleições nacionais acontecem o tempo inteiro, na Europa inteira, e não são razão para parar nosso trabalho", disse uma fonte.


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