Folha de S. Paulo


Para pôr fim a crise no Líbano, Hariri aceita convite e vai para a França

O primeiro-ministro do Líbano Saad Hariri aceitou um convite do governo francês e irá ao país nos próximos dias para tentar negociar uma solução para a crise política em Beirute.

O presidente libanês Michel Aoun disse que o premiê chega em Paris no sábado (18) e deve ficar alguns dias. Para ele, a visita "abre as portas para uma resolução da crise".

Segundo Aoun, Hariri vai voltar ao Líbano após deixar a França.

Aziz Taher - 10.nov/Reuters
Cartaz mostra o premiê libanês, Saad Hariri, em Beirute (Líbano)
Cartaz mostra o premiê libanês, Saad Hariri, em Beirute (Líbano)

O premiê está na Arábia Saudita desde o dia 4, quando anunciou sua renúncia ao cargo, acusando o Hizbullah e o Irã de terem um plano para assassiná-lo.

A renúncia não foi aceita por Aoun, que exigiu que Hariri voltasse ao país. Desde o anúncio, o premiê segue em Riad, capital saudita.

A saída de Hariri é um reflexo da disputa entre sauditas e iranianos na região —o premiê é aliado de Riad, enquanto o Hizbullah é próximo de Teerã.

Aliados chegaram a levantar a possibilidade de que o premiê estivesse proibido de deixar a Arábia Saudita. Aoun declararou que Hariri e sua família eram reféns do governo saudita, o que Riad e o próprio primeiro-ministro negaram.

O convite feito pela França tem como objetivo exatamente resolver o impasse.

A confirmação da viagem acontece um dia depois do convite francês, feito após um encontro em Riad entre o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, Hariri e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

DISPUTA

Hariri já disse que está "perfeitamente bem" e que voltaria "se Deus quiser, ao querido Líbano, como prometi". Na quarta-feira (15), ele disse que voltaria em dois dias, mas que sua família ficaria na Arábia Saudita, "seu país".

Ele tem nacionalidade saudita e a fortuna de sua família é baseada na companhia de construção Saudi Oger, construída por seu pai, Rafik Hariri, que serviu duas vezes como premiê libanês e foi assassinado em 2005.

Hariri sempre foi um aliado da Arábia Saudita no Líbano, enquanto Aoun é aliado político do Hizbullah, grupo islâmico xiita com fortes laços com o Irã e que os sauditas consideram uma organização terrorista.

O governo de coalizão do Líbano foi formado no ano passado após um acordo político que tornou o cristão Aoun presidente, Hariri premiê e que incorporou membros do Hizbullah no gabinete.

A Constituição libanesa determina ainda que o presidente seja sempre cristão, o premiê, muçulmano sunita, e o chefe do Parlamento, muçulmano xiita.


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