Folha de S. Paulo


Secretário de Trump admite menções a contatos com russos na campanha

Em meio a crescentes suspeitas de conexões entre a campanha do presidente Donald Trump e a Rússia , o secretário da Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, admitiu nesta terça (14) que houve menções a contatos com russos por membros da campanha, durante as eleições do ano passado.

O responsável pela articulação, segundo Sessions, foi George Papadopoulos, um dos assessores da campanha de Trump. Recentemente, Papadopoulos confessou ao FBI que contatou oficiais russos durante as eleições, em busca de "sujeira" envolvendo a democrata Hillary Clinton, então candidata à Presidência.

Alex Wong/Getty Images/AFP
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, responde a perguntas em comissão do Senado
O secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, responde a perguntas em comissão do Senado

"Agora eu me lembro", afirmou Sessions nesta terça (14), durante audiência no Congresso.

O secretário do governo Trump, um dos mais próximos assessores do presidente e que participou ativamente da campanha do republicano, disse que ouviu a sugestão de Papadopolous numa reunião em março de 2016.

Papadopoulos afirmou, segundo ele próprio contou ao FBI, que tinha contatos na Rússia e poderia agendar uma reunião entre Trump e o presidente Vladimir Putin. Mas Sessions disse que "encerrou" o assunto.

"Eu deixei claro que ninguém estava autorizado a representar a campanha diante do governo russo, ou de qualquer outro governo estrangeiro, para qualquer tema."

Numa audiência anterior ao Congresso, no mês passado, Sessions havia negado qualquer contato da campanha de Trump com os russos. "Eu não fiz, e não tenho notícias de que qualquer outra pessoa tenha feito, nem acredito que isso tenha acontecido", afirmou, na ocasião.

Nesta terça, ele justificou que "não tinha nenhuma lembrança" da sugestão de Papadopoulos até que o ex-assessor admitisse seus contatos com os russos, que viraram notícia na imprensa.

"[A campanha] era um caos; viajávamos todo o tempo, dormíamos pouco", disse Sessions, justificando o lapso de memória. "Eu não vou aceitar que me acusem de ter mentido sob juramento. Eu sempre disse a verdade."

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O secretário ainda afirmou ter uma lembrança "vaga" da reunião com Papadopoulos, e não deu detalhes do que o ex-assessor sugeriu. Mas comentou que jamais foi influenciado pelo presidente Trump no exercício do cargo na Justiça.

A audiência continuava em andamento na tarde desta terça (14).

As investigações sobre a influência russa na eleição americana de 2016 têm dominado o debate político nos Estados Unidos neste primeiro ano de governo Trump.

Agências de inteligência do governo e comissões do Congresso vem conduzindo averiguações para saber se houve um conluio entre a campanha de Trump e os russos —o que o presidente nega veementemente—, e se Hillary Clinton foi de alguma forma prejudicada pela ação de hackers daquele país.

Quando o depoimento de Papadopoulos veio a público, o governo Trump minimizou a importância do então assessor e atribuiu a ele um papel "extremamente limitado" na campanha. "Ele pedia para fazer coisas e era afastado ou não recebia resposta", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders. "Qualquer coisa que ele fez é de responsabilidade dele."


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