Folha de S. Paulo


Tribunal da Califórnia libera parte do decreto anti-imigração de Trump

Uma decisão de um tribunal federal na Califórnia permitiu, nesta segunda (13), que o governo do presidente Donald Trump comece a aplicar parte do decreto anti-imigração que barra a entrada de viajantes de seis países de maioria muçulmana.

Serão afetados cidadãos do Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália e Chade que não demonstrem conexões com os Estados Unidos -ou seja, vínculos familiares ou relações "formais e documentadas" com instituições americanas, como universidades, empresas ou agências de refugiados, conforme determinou a corte.

Jim Watson - 18.out.2017/AFP
Manifestantes protestam contra decreto que impede entrada de cidadãos de países de maioria islâmica
Manifestantes protestam contra decreto que impede entrada de cidadãos de países de maioria islâmica

Os critérios para a autorização do visto, estabelecidos na decisão desta segunda (13), são mais amplos do que pretendia o governo Trump, que abria exceções apenas para cidadãos do Irã com visto de estudante e turistas da Somália (que não poderiam, porém, emigrar para o país).

Segundo o governo, esses países patrocinam potenciais ameaças terroristas ou demonstraram "inabilidade e falta de vontade" ao compartilhar informações de segurança.

O tribunal, responsável pelo julgamento de apelações, derrubou uma recente suspensão do decreto de Trump, concedida há pouco menos de um mês por um juiz do Havaí.

Em sua sentença, o magistrado Derrick Watson afirmara que faltam "conclusões suficientes para sustentar que a entrada de 150 milhões de cidadãos de seis países específicos é 'nociva aos interesses dos EUA'".

A decisão desta segunda (13) suspende temporariamente a sentença do juiz do Havaí. Mas não é a decisão definitiva sobre o caso: a corte sediada na Califórnia voltará a julgar o processo no início de dezembro. A apresentação dos argumentos das partes está agendada para o dia 6.

Esta é a terceira tentativa do governo Trump de restringir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. Outros dois decretos anti-imigração, editados no início do ano, foram barrados por decisões judiciais.

Desde a campanha, o presidente vem prometendo tomar medidas para barrar muçulmanos no país, sob o argumento da ameaça terrorista. "Tornar a América segura é minha maior prioridade. Não vamos permitir que entrem em nosso país aqueles que não pudermos avaliar de forma segura", afirmou o presidente no mês passado.

Nem a Casa Branca nem o Departamento de Justiça, responsável pelo recurso ao tribunal, haviam se manifestado sobre a decisão até o início da noite desta segunda (13).


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