Folha de S. Paulo


Opositor venezuelano obtém refúgio na Embaixada do Chile em Caracas

Carlos Garcia Rawlins - 2.abr.2017/Reuters
Freddy Guevara (centro) perdeu a imunidade parlamentar na sexta-feira
Freddy Guevara (centro) perdeu a imunidade parlamentar na sexta-feira

O deputado opositor Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento venezuelano, pediu neste sábado (5) proteção à Embaixada do Chile em Caracas e foi acolhido, depois que o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) anunciou que seria processado por crimes cujas penas podem chegar a até 10 anos de prisão.

Guevara entrou na residência do embaixador "diante das iminentes ameaças à sua segurança e integridade pessoal [por isso] solicitou proteção ao Chile", afirmou a Chancelaria chilena em um comunicado.

O TSJ anunciou na sexta-feira a suspensão da imunidade de Guevara para que fosse julgado pelos crimes de "associação, instigação pública continuada e uso de adolescente para delinquir". Ele também foi proibido de deixar o país.

A oposição venezuelana, com maioria no Parlamento, acusa o TSJ de servir ao governo de Nicolás Maduro.

Enquanto isso, a Assembleia Constituinte, de maioria governista e que rege o país com poderes absolutos, investiga Guevara pelas manifestações de protesto contra o presidente Maduro que deixaram 125 mortos entre abril e julho.

Guevara, 31, é dirigente do partido Voluntad Popular, liderado por Leopoldo López, atualmente sob prisão domiciliar.

Em comunicado na última sexta-feira, Guevara afirmou que "ativará todos os alarmes internacionais" para denunciar "esse ato violador da Constituição".

GRUPO LIMA

O chamado Grupo Lima, composto pelos governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru soltou um comunicado neste sábado em que expressou "sua enérgica condenação" à retirada da imunidade parlamentar de Guevara.

"A decisão adotada pelo TSJ constitui um novo ataque contra o Estado de Direito e a divisão de poderes na Venezuela e impede o funcionamento normal da Assembleia Nacional, constituída legitimamente por meio do voto popular", disse a nota.

"O Grupo Lima reitera que não reconhece nenhum dos atos da assembléia nacional constituinte", acrescentou.


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