Folha de S. Paulo


Japão vota para dar novo mandato de primeiro-ministro a Shinzo Abe

Shizuo Kobayashi - 18.out.2017/Associated Press
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, acena a aliados no comício de encerramento da campanha
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, acena a aliados no comício de encerramento da campanha

Os japoneses vão às urnas neste domingo (22) sem grandes expectativas de surpresa com o resultado das eleições antecipadas para a Câmara Baixa (o equivalente à Câmara dos Deputados). A única coisa que pode abalar o pleito é o tufão que deve chegar ao país no final de semana.

De acordo com as pesquisas mais recentes e a análise de especialistas, o Partido Liberal Democrata (PLD), do primeiro-ministro Shinzo Abe, deve assegurar confortavelmente quase 300 assentos dos 465 disponíveis.

Já o Partido da Esperança, agremiação conservadora recém-criada pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, tende a perder parte das 57 cadeiras que ocupava no Parlamento com seus recém-convertidos representantes.

O Partido Democrata Constitucional do Japão (centro-esquerda), por sua vez, fez uma campanha tímida para manter suas 15 cadeiras. E o Komeito, partido de coalizão do PLD, deve perder alguns dos 35 assentos que ocupa.

Mesmo assim, a previsão de analistas é que o partido de Abe e o Komeito juntos possam superar 70% da Câmara Baixa, o que garantiria todas as reformas constitucionais propostas pelo premiê.

OPOSIÇÃO

O primeiro-ministro mostrava estar muito confiante quando dissolveu a Câmara e anunciou eleições antecipadas no final de setembro.

O aumento da popularidade e o enfraquecimento da oposição, mergulhada em escândalos de corrupção e brigas internas, levaram Abe a tomar a decisão, numa jogada para garantir assim mais quatro anos de governo e entrar para a história como o político que mais tempo ficou no cargo no Japão depois da Segunda Guerra (1939-45).

No entanto, a criação do Partido da Esperança, de Koike, balançou o cenário político no início da campanha.

Ainda assim, uma reviravolta não deve acontecer: a política econômica de Abe vem mostrando resultados positivos e, além disso, a popular governadora de Tóquio decidiu não concorrer e não teve tempo hábil para traçar uma campanha eleitoral.

Para Shinzo Abe, então, as duas maiores questões que definem as eleições de domingo serão como gastar a receita adicional vinda de um aumento do imposto sobre consumo planejado para 2019 e como lidar com a ameaça nuclear da Coreia do Norte.

As ameaças e os constantes testes de mísseis e bombas pelo ditador Kim Jong-un beneficiaram Abe, que defende alterar o artigo 9 da Constituição pacifista imposta pelos EUA a uma Tóquio derrotada após o fim da Segunda Guerra Mundial, segundo o qual as Forças Armadas do Japão tenham apenas papel defensivo, e não ofensivo.

Se a alteração for levada a cabo, será a primeira mudança na Carta desde sua instituição, há mais de sete décadas.

Outras reformas polêmicas ecoam o Brasil. Abe propõe mudar a lei trabalhista para facilitar a demissão de funcionários assalariados e a previdenciária para lidar com o envelhecimento rápido da população e a decorrente insustentabilidade do sistema.

Além disso, pede o retorno pleno do uso da energia nuclear, política impopular desde o vazamento na usina de Fukushima, em 2011.

Com foco em questões sociais e na Coreia do Norte, analistas temem que a "Abenomics", a política econômica do premiê, seja posta de lado, afetando assim uma esperada decolagem da terceira maior economia do mundo. O Fundo Monetário Internacional projeta avanço do PIB japonês neste ano de 1,5% e, para 2018, de 0,7%.

Abe está no poder desde 2012, após uma breve passagem como premiê em 2006. Sua promessa de levantar a economia japonesa com medidas radicais, porém, demorou a sair do papel.


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