Folha de S. Paulo


Após eleição, Maduro eleva tom contra governos de países críticos

Os governos do Brasil e de mais 11 países das Américas se reunirão na quinta (26) para discutir como pressionar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em meio à escalada verbal entre o regime e mandatários que o criticam.

O tom subiu após as eleições para governador do dia 15, vencidas pelo regime em 18 dos 23 Estados. A oposição afirma que houve fraude e seus governadores ainda não tomaram posse por se recusarem a jurar seus cargos à Assembleia Constituinte.

Presidência da Venezuela/Xinhua
O ditador Nicolás Maduro cumprimenta o ex-ministro Hector Rodríguez, novo governador de Miranda
O ditador Nicolás Maduro cumprimenta o ex-ministro Hector Rodríguez, novo governador de Miranda

O chavista e aliados atacaram os países que o acusaram de irregularidades, pediram auditoria ou não reconheceram os resultados.

O principal alvo foi o Canadá. Maduro chamou o governo do país de "insolente e estúpido" e convocou seu embaixador em Ottawa para consultas depois que a chanceler do país, Chrystia Freeland, acusou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de atuar "totalmente de acordo com os desejos do governo".

Foram os norte-americanos que convocaram o Grupo de Lima —de países que não reconhecem a Constituinte— para a reunião em Toronto. Freeland afirmou que a intenção é "aumentar a pressão" sobre o regime chavista.

"Nosso objetivo é claro: nós queremos implementar uma solução pacífica à crise, o restabelecimento da democracia e o respeito aos direitos humanos", disse.

Também integram o bloco Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Em comunicado, eles pediram uma auditoria da eleição, com "observadores internacionais especializados e reconhecidos".

Outra tática da ditadura para responder aos rivais foi atacar seus sistemas eleitorais. Arreaza disse que os eleitores da Colômbia "às vezes votam com uma metralhadora apontada para as costas para que vejam em quem votou".

O chanceler também ironizou a União Europeia, ao afirmar que seus integrantes "queriam ter uma democracia real" e "um sistema eleitoral como o venezuelano".

Já Maduro arremeteu contra Michel Temer, que chama de ilegítimo por considerar o impeachment de Dilma Rousseff um golpe. "Que moral tem o presidente golpista do Brasil para vir auditar o processo eleitoral da Venezuela."

Contra a Espanha, o ditador evocou a crise formada após o plebiscito na Catalunha. "O governo da Espanha não tem moral, reprimiu o povo da Catalunha, prendeu um dos líderes da sociedade civil catalã, tem presos políticos, persegue o povo catalão."

EUA

O ataque contra os processos de votação alheios ainda foi usado contra o governo dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, é apontado pelos chavistas como o mandante e financiador dos protestos da oposição e acusado de querer fazer uma intervenção externa no país.

"Chamam a atenção os insolentes questionamentos e a dupla moral do governo dos EUA [...], ainda por cima quando esse país tem um sistema anacrônico, elitista e com escassos mecanismos de verificação", disse a Chancelaria venezuelana.

A nota foi uma resposta à porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, que pediu a auditoria do pleito e chamou o processo de "nem livre nem justo".

Editoria de Arte/Folhapress

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