Folha de S. Paulo


A história da cantora punk que morreu como recrutadora do Estado Islâmico

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A ex-cantora e compositora britânica Sally Jones, 45 anos, mãe de dois, passou de um guitarrista em uma banda de rap britânica para um membro do movimento islâmico, virando as costas para sua vida e sua vida. Credito Reproducao Mirror ORG XMIT: 3I4UQE9qeDnjanUWwkE3 DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
Sally Jones, 45, passou de cantora em uma banda feminina de música punk a membro do EI

Sally Jones, jihadista britânica que recrutava integrantes online para a facção extremista Estado Islâmico, foi morta na Síria, em companhia de seu filho de 12 anos, pelo ataque de um drone norte-americano, reportou na quinta-feira (12) o jornal britânico "Sun".

Nascida no sul da Inglaterra, Jones se converteu ao islamismo e ganhou o apelido "Viúva Branca" na imprensa britânica depois que seu marido, Junaid Hussain, também jihadista e membro do Estado Islâmico, foi morto em um ataque por drone em 2015.

Citando uma fonte no serviço de inteligência britânico que recebeu informações de colegas norte-americanos, o "Sun" reportou que Jones e o filho foram mortos em junho perto da fronteira da Síria com o Iraque, quando ela estava tentando fugir de Raqqa, cidade que era um dos baluartes da facção.

Os chefes dos serviços de inteligência norte-americanos teriam declarado que não havia como ter 100% de certeza de que Jones foi morta, porque não era possível recuperar amostras de DNA no local do ataque, mas se declararam "seguros" de que ela esteja morta.

JoJo, o filho de Jones, também pode ter sido morto pelo drone, ainda que a presença dele ao lado da mãe não fosse conhecida no momento da ação e que ele não fosse um alvo, de acordo com o "Sun".

A porta-voz da primeira-ministra britânica Theresa May se recusou a comentar a reportagem.

ALVO LEGÍTIMO

"Se você é cidadão britânico e está no Iraque ou Síria, e se optou por lutar pelo Daesh [Estado Islâmico], uma organização ilegal que está preparando e inspirando ataques terroristas em nossas ruas, então você se fez alvo legítimo de ataque", disse o ministro da defesa britânico, Michael Fallon, a repórteres em Londres.

"E corre o risco, a cada hora de cada dia, de se ver como alvo de um míssil da RAF (força aérea britânica) ou dos Estados Unidos", completou ele.

Uma fonte nos serviços de segurança ocidentais declarou, sob a condição de anonimato, que não havia informações sobre Jones há meses, e por isso a suposição era que ela estivesse morta, ainda que a fonte tenha se recusado a confirmar os detalhes da reportagem do "Sun".

Outros militantes do Estado Islâmico tiveram sua morte reportada, mas ressurgiram. Uma porta-voz da Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana se recusou a comentar.

Jones, que antes de se tornar jihadista era cantora em uma banda punk, inspira fascínio na imprensa britânica há anos. Acredita-se que ela tenha deixado sua casa no condado de Kent, no sul da Inglaterra, para viajar à Síria em 2013. Lá, casou-se com Hussain, que conheceu pela internet.

Ela trabalhava ativamente no recrutamento on-line de militantes para a facção e às vezes postava mensagens de propaganda em mídias sociais. Numa delas, aparecia vestida de freira em uma foto, apontando uma arma para a câmera.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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