Folha de S. Paulo


Em encontro, Bono pergunta a Macri sobre argentino desaparecido

Presidencia de la Nacion/AP
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, recebe Bono na Casa Rosada, em Buenos Aires
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, recebe Bono na Casa Rosada, em Buenos Aires

O vocalista da banda irlandesa U2, Bono, fez uma pergunta espinhosa ao presidente argentino, Mauricio Macri, em encontro que ambos mantiveram na Casa Rosada, sede do governo argentino, nesta segunda-feira (9).

O músico, que se apresenta com seu grupo nesta terça (10) e quarta (11) no país, quis saber como estão as investigações do desaparecimento do artesão Santiago Maldonado, ocorrida dia 1º de agosto deste ano na Patagônia.

O sumiço de Maldonado se transformou em um dos temas da campanha para as eleições legislativas que ocorrem no próximo dia 22.

Marchas e protestos vêm ocorrendo em várias cidades desde então, e há cartazes pedindo o "reaparecimento com vida" do ativista.

Maldonado havia se juntado a um protesto de indígenas mapuche que reivindicam um território na Província de Chubut, no sul do país, hoje sob posse da companhia italiana Benetton.

Na ocasião, houve enfrentamento da Gendarmeria (polícia de fronteiras argentina) com os manifestantes, e testemunhas alegam que Maldonado foi levado pelos agentes.

O governo, por meio da Secretaria de Segurança Pública, à qual a Gendarmeria responde, alega que essa afirmação é falsa e, desde então, tem realizado intensas buscas pela região para encontrar Maldonado.

A ex-presidente Cristina Kirchner, candidata ao Senado pela oposição, tem usado a imagem de Maldonado em campanha, dizendo ser o "primeiro desaparecido político do governo Macri".

Apesar da pergunta, Bono e Macri se trataram de forma cordial.

Após o encontro, o cantor disse que havia "sentido que o presidente está comprometido na missão de encontrar Maldonado". E acrescentou que vinha ao país "reforçar o pedido para que o caso seja esclarecido, em nome da Anistia Internacional".

Além disso, Bono afirmou que ambos trataram de alguns temas da pauta da próxima reunião do G-20, que ocorrerá na Argentina no ano que vem. O país assume em dezembro a presidência rotativa do grupo que congrega as 20 maiores economias.

"As pessoas pensam que esses eventos são apenas encontros com jantares luxuosos. Mas, neste caso, haverá um grande espaço dedicado ao debate da necessidade de se ajudar as mulheres que estão em situação de pobreza e às mais de 130 milhões de meninas em todo o mundo que não vão à escola", afirmou Bono.


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