Folha de S. Paulo


Evo Morales reúne líderes de esquerda para homenagear Che Guevara

O presidente boliviano, Evo Morales, prepara para esta segunda-feira (9), um evento de memória dos 50 anos da morte de Che Guevara, ocorrida em La Higuera, no interior do país.

O mandatário convidou líderes e políticos esquerdistas da região –como o presidente equatoriano, Lenín Moreno, o ditador Raúl Castro, de Cuba, e a ex-presidente argentina, Cristina Kirchner– além de familiares do Che.

Chamou também altos comandos e veteranos do Exército boliviano, que se mostraram divididos quanto à celebração.

Uma associação de veteranos afirmou que a comemoração deveria incluir uma homenagem aos soldados bolivianos que morreram na caçada ao Che naquele ano de 1967. O governo respondeu que a ideia é, justamente, que o ato seja uma cerimônia de reconciliação.

O Che foi capturado em 8 de outubro de 1967, e executado no dia seguinte, junto a colegas de campanha. Encontrava-se no país em sua tentativa de exportar a revolução socialista ao mundo.

Um dos veteranos deste episódio, Mario Moreira, disse à mídia local: "Não iremos porque se trata de um evento político. Por que homenagearíamos a guerrilha cubana, contra quem lutamos para que a Bolívia não se transformasse no que hoje é Cuba? Se não fosse por nós, a Bolívia seria uma ditadura, e não um país democrático".

Já o governo do esquerdista Evo Morales, por sua vez, não esconde o tom de campanha política que o evento terá, uma vez que seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo) acaba de apresentar um projeto de lei, a ser votado pelo Congresso, que permitiria que ele concorra a um quarto mandato.

De todo modo, o vilarejo onde seu corpo foi enterrado pela primeira vez, em Vallegrande (hoje seus restos mortais estão em Cuba), já se prepara para receber cerca de 10 mil turistas que irão prestar homenagem ao líder revolucionário.

CAMINHADA

No domingo (8), Morales participou de uma marcha pelas trilhas que o líder revolucionário Ernesto Che Guevara percorreu no interior da Bolívia antes de ser capturado, em 1967.

"Estamos em outros tempos, tempos de liberdade democrática", disse Morales. Para ele, em vez da guerrilha, hoje a arma é "o voto".


Endereço da página:

Links no texto: