Folha de S. Paulo


Polícia espanhola fecha 1.300 locais de votação de plebiscito na Catalunha

Enrique Calvo - 29.set.2017/Reuters
Mossos d'Esquadra, Catalan regional police, enter the Miquel Tarradell high school, one of the designated polling stations, where a group of people assembled to occupy the premises in a bid to allow voting for the banned independence referendum in Barcelona, Spain September 29, 2017. REUTERS/Enrique Calvo ORG XMIT: PDH505
Mossos d'Esquadra entram na escola ocupada Miquel Tarradell, em Barcelona

Em mais um esforço para impedir a realização do plebiscito de independência da Catalunha, a polícia espanhola fechou na manhã deste sábado (30) 1.300 locais de votação, de um total de 2.315.

Escolas, centros cívicos e outros prédios foram escolhidos pelo governo catalão para funcionarem como centros de votação para o plebiscito, que foi julgado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.

Segundo Enric Millo, representante do governo central espanhol na Catalunha, dos locais fechados, 163 estão sendo ocupados por apoiadores do plebiscito, "que estão fazendo, com toda paz e civicamente, atividades culturais, ou esportivas", disse.

A Justiça proibiu a entrada de qualquer pessoa nesses locais e aqueles participam das ocupações deverão sair até as 6h de domingo.

A polícia irá monitorar a entrada de material eleitoral nesses postos e, se isso acontecer, a determinação é que eles sejam apreendidos.

A decisão colocou novamente a Polícia regional catalã, chamada de Mossos d'Esquadra, em uma situação delicada –apesar de se subordinar ao governo separatista, ela fica obrigada a cumprir as decisões judiciais.

Os agentes catalães receberam ordens para não recorrer à violência.

"Convidamos as pessoas que estão dentro desses lugares a saírem", disse Millo. "Não acreditamos que seja necessário" retirá-las à força, acrescentou.

Ele afirmou que se houver "atos de desobediência" no domingo de manhã, os policiais deverão decidir como agir, respeitando "a proporcionalidade".

Albert Gea/Reuters
People form a chain to pass supplies inside the Collaso i Gil elementary school, one of the designated polling stations for the banned October 1 independence referendum, where they plan to remain until Sunday, in Barcelona, Spain September 29, 2017. REUTERS/Albert Gea ORG XMIT: PDH500
Na escola Collaso i Gil, em Barcelona, ocupantes trouxeram alimentos e planejam ficar até domingo (1º)

AÇÕES POLICIAIS

A polícia espanhola ocupou o centro de comunicações do governo catalão na manhã deste sábado.

Segundo um porta-voz da Catalunha, ao menos quatro policiais entraram no centro em Barcelona e era esperado que eles permanecessem no local por dois ou três dias.

A medida foi tomada após o Tribunal Constitucional determinar que as forças policiais deveriam atuar para impedir qualquer forma de votação eletrônica.

O órgão é responsável pela área de telecomunicações e tecnologia da informação do governo regional.

O Tribunal também ordenou que o Google deletasse um aplicativo que estaria supostamente sendo usado para disseminar informações sobre a votação do plebiscito.

A polícia espanhola e o Ministério do Interior não confirmaram a ação.

ESCOLA OCUPADA

Aulas de yoga, sessões de filmes e piqueniques foram organizados em alguns dos aproximadamente 2.315 locais de votação previstos.

Quim Roy, pais de duas meninas, pretende acampar na escola primária Congres-Indians, em Barcelona, até o domingo.

Ele afirmou que os pais decidiram em conjunto que mandariam as crianças para casa no fim do dia de sábado, mas que esperava que pelo menos uma dúzia de adultos ficasse para manter a escola ocupada até a votação.

"Eu tomei essa decisão porque temos medo. Quem sabe o que vai acontecer se a Guarda Civil entrar aqui", disse Roy.


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