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Governo espanhol dinamitou diálogo, diz assessor internacional catalão

Pierre-Philippe Marcou - 29.set.2017/AFP
Partidários do
Partidários do "sim" à independência esperam pelo início do comício separatista em Barcelona

O governo espanhol diz que, no lugar do plebiscito de domingo, preferia dialogar com as autoridades catalãs.

Albert Royo diz que esperou demais. "Há sete anos temos pedido que o governo se sente para negociar, mas não houve debate", afirma.

Royo é o diretor-geral do Conselho de Diplomacia Pública da Catalunha, entidade criada pelo governo catalão para servir como uma espécie de Ministério das Relações Exteriores da região.

"Há uma resposta policial e repressiva. Detiveram oficiais, fecharam páginas na internet, foram contrários à liberdade de expressão", afirma. "Me surpreende que peçam um debate."

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Folha - Haverá um plebiscito neste domingo?

Albert Royo - Sim. Vamos fazê-lo. A pergunta é o que Madri está disposta a fazer. Se vão usar a força. A solução deste conflito político passa pelas urnas.

O governo central afirma que a solução era negociar, e não realizar um plebiscito.

Há sete anos temos pedido que o governo se sente para negociar, mas não houve debate. Dizem que é ilegal, que não podemos perguntar à população. Há uma resposta policial. Detiveram oficiais, fecharam páginas na internet, foram contrários à liberdade de expressão. Me surpreende que peçam debate.

De onde vem a necessidade de fazer este plebiscito?

Depois de quatro décadas de ditadura, o grande acordo nacional era a recuperação da autonomia catalã. Esse acordo foi pelos ares em 2010 quando o Tribunal Constitucional esvaziou a autonomia. Quando tentamos aprovar leis, o governo da Espanha recorre a esse tribunal.

Quais leis?

Por exemplo, a lei de proteção às famílias que não podem pagar a conta de luz. A lei que impunha impostos às centrais nucleares. A lei a favor da igualdade de gênero. A lei proibindo as touradas. Eram competência do Parlamento catalão, mas foram suspensas. O Estado dinamitou o consenso.

Por que ser independente?

A justificativa mais comum é a de que, com um Estado próprio, as pessoas viveriam melhor, com uma democracia mais saudável.

Mas o que acontece com quem não quer se separar?

Será necessária uma política de integração. Serão ouvidos no processo quando escrevermos a Constituição.

Editoria de Arte/Folhapress

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